São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Estudante é baleada dentro de classe

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante Maria Aparecida do Nascimento, 18, ficou cega após levar um tiro na cabeça dentro de uma sala de aula num colégio público de Osasco (Grande SP), anteontem à noite.
O tiro teria sido dado por R.A.P., 17, colega de classe da menina. Os dois estudam na 6ª série da Escola Estadual Alice Teixeira Velho. R. nega o crime.
Segundo os funcionários da escola, os dois foram os primeiros a chegar para a aula, por volta das 18h30. Ao ouvir o disparo, a diretora da escola teria ido à classe e encontrado a menina caída.
R.A.P. teria saído correndo. O garoto só foi localizado ontem de manhã pela polícia na casa do avô, onde trabalhava em uma fundição.
Ele afirmou que andava armado para se proteger, porque vinha sendo ameaçado de morte por um grupo do bairro onde mora.
Segundo ele, a arma teria ficado embaixo de uma carteira, enrolada em uma camiseta, enquanto ele ia ao banheiro. Ele diz ter se assustado ao ouvir o disparo e por isso teria fugido.
Segundo uma inspetora de alunos da escola, que não quis se identificar, R. era um aluno indisciplinado. "Ele vivia comentando que o negócio dele era matar, sangrar. Ele só falava de coisa ruim", afirma. Segundo ela, o garoto era usuário de drogas.
A mãe do menino, a cozinheira Marieta Amâncio Pereira, 37, diz que nunca teve conhecimento de envolvimento do filho com drogas. "Sempre que ia ao colégio a diretora me dizia que meu filho era um ótimo aluno", afirma.
Marieta diz que não sabia que o filho andava armado. Segundo ela, R. nunca teve problemas com a polícia.
Para o delegado Roberto Cerri Maio, 33, do 9º Distrito Policial de Osasco, o menor é o autor do disparo que atingiu Maria Aparecida.
O motivo do crime, no entanto, continua um mistério. Segundo a mãe adotiva de Maria Aparecida, Maria Eliete Delmontes, 53, a filha nunca reclamou de nenhum problema com os colegas de escola.
Maria Eliete é dona de uma pequena agência de turismo, onde a filha trabalhava. O namorado da garota, Paulo Roberto Andrade, 18, diz que a encontrou chorando na terça-feira passada, mas que ela não quis contar o motivo.
Até a noite de ontem, Maria Aparecida continuava internada na UTI do Hospital Cruzeiro do Sul, em Osasco, com quadro estável.
Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital, o tiro que a atingiu perfurou os dois globos oculares, causando cegueira irreversível. O tiro não causou danos neurológicos à menina.

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