São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Morte súbita

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

São Paulo terá o raro privilégio de assistir a uma competição de alto nível em outubro. Não, não virei promotor do ITC. É que ele vai acabar. É agora ou nunca.
Nas últimas semanas, duas das montadoras que sustentam o campeonato anunciaram suas renúncias para 97. Opel e Alfa Romeo vão deixar a Mercedes sozinha, inviabilizando a competição.
O motivo são os custos. Ao contrário do DTM, o campeonato alemão de turismo, que se notabilizava pelos baixos custos de divulgação e realização, o ITC virou um elefante branco.
O número de jornalistas credenciados foi drasticamente reduzido e o acesso do público a pilotos e equipes acabou muito restrito.
Em poucas palavras, a FIA transformou o ITC em uma espécie de F-1 e acabou por determinar o seu fim.
Para alguns, a intenção era essa mesma. O sucesso do DTM era tamanho que os barões da F-1 resolveram incorporá-lo e, subsequentemente, exterminá-lo, para evitar o risco da concorrência.
De fato, o torneio alemão foi um sucesso na Europa e na TV. A liberdade do público e dos jornalistas era quase total, assim como a do regulamento técnico.
Nas mãos da FIA, cresceu, mas não apareceu. E fez com que os dirigentes da Opel e da Alfa optassem pela saída, o que custará a cada fábrica a bagatela de US$ 10 milhões, o valor da multa prevista no contrato assinado com a entidade, válido até o final da próxima temporada.
Risco parecido corre a Indy, caso adote mesmo o caminho da internacionalização. E a F-1 só não sucumbe a esse gigantismo porque é um caso a parte.
O comprometimento de todos os envolvidos é muito grande. Podem prescindir da galinha. Já encontraram a fórmula de fabricar os ovos de ouro.

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