São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Apelo aos amigos das crianças

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Entre as prioridades de nosso país está, sem dúvida, o empenho em atender as crianças e adolescentes empobrecidos. Na capital paulista a situação é premente, devido ao número, cada vez maior, de famílias sem emprego fixo e, portanto, com dificuldade quanto à habitação, alimento e educação dos filhos.
Surgiram muitas iniciativas do governo e das entidades particulares, procurando ir ao encontro das crianças nas áreas de periferia, nas favelas e cortiços. Há quase 20 anos vieram se multiplicando creches e centros comunitários que acolhem, durante o dia, crianças e adolescentes, garantindo-lhes um ambiente amigo e alternativo às horas do período escolar.
Esses centros, em grande parte, foram construídos com o apoio das comunidades paroquiais e da população vizinha e são um forte auxílio para os familiares que, por razão do trabalho, devem se ausentar do próprio lar.
Além dos voluntários que se dedicam a esse trabalho há outros, no entanto, que embora dotados do mesmo idealismo precisam de justa retribuição para se manterem.
O espírito humanitário dos responsáveis pela prefeitura, nos últimos anos, vem oferecendo aos centros e creches recursos financeiros sob forma de convênios com repasse mensal de verbas proporcionais ao número de menores acompanhados.
Essa efetiva colaboração alcançou, aos poucos, notáveis resultados de reforço escolar, entrosamento e primeiras amizades, cuidados da saúde, oportunidade de distração, esporte e alimentação. Sou testemunha da alegria do nosso povo mais simples ao conseguir a abertura no bairro de creches e centros.
Quem não se sente feliz em ajudar crianças e adolescentes a crescer com afeto e a receber o devido atendimento? Esses centros ficam abertos durante todo o dia e tornaram-se uma continuação do lar, preservando os menores da atração e riscos da rua, e oferecendo-lhes uma atividade sadia e aconselhamento de pessoas experimentadas que sabem escutar e orientar os jovens e seus familiares.
Gostaria de lembrar, entre outras entidades da capital paulista, o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, na zona leste, que comemora 50 anos de existência e coordena 38 desses centros com um total aproximado de 4.000 crianças e adolescentes e um serviço a 120 adultos que vivem na rua.
A atual administração municipal até hoje cumpriu os convênios firmados pela Secretaria da Família e Bem-Estar Social. Acontece que, há mais de dois meses, a prefeitura não tem repassado os recursos pelos serviços prestados.
Essa situação coloca o Centro Social e outras entidades na triste iminência de fechar suas portas e dispensar os funcionários.
Fica aqui o apelo confiante aos responsáveis pela administração municipal para que continuem, com o mesmo zelo, assegurando às crianças e adolescentes, à luz do Evangelho, a prioridade de atendimento a que têm direito e o carinho que merecem.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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