São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Um golpe após outro

MUSA AMER ODEH

Desde as eleições israelenses, um golpe após outro vem sendo desferido contra o processo de paz. O governo do sr. Netanyahu vem adiando a implementação do acordo interino, violando-o e ignorando seu princípio básico: terra em troca de paz.
A retirada israelense de Hebron e outras áreas, que havia sido objeto de acordo prévio, não foi implementada; os assentamentos judeus estão sendo expandidos, contrariando os termos do acordo, enquanto terras palestinas são confiscadas, e casas de palestinos são demolidas para dar espaço à construção de estradas que se desviam das cidades palestinas, interligando apenas os assentamentos judeus. O governo de Netanyahu também renegou o acordo sobre a libertação de prisioneiros palestinos, a abertura de uma estrada segura e um aeroporto para os palestinos.
O processo de paz não é uma idéia abstrata. Há acordos legalmente válidos assinados pelos governos palestino e israelense, sob os auspícios dos Estados Unidos, da Rússia, da Comunidade Européia e do Japão e depois ratificados pelos dois Parlamentos, palestino e israelense.
Os acontecimentos dos últimos dias tornam extremamente necessário que a comunidade internacional tome medidas imediatas para resgatar o processo de paz e encaminhá-lo novamente. Ademais, as violações israelenses dos acordos devem parar, assim como as tentativas de renegociar aquilo que já foi acordado.
De imediato, é preciso que seja interrompida a trágica matança de civis palestinos, juntamente com todas as demonstrações de força empreendidas pelo sr. Netanyahu, ou seja, o deslocamento de tropas, tanques e helicópteros militares na área autônoma palestina, que até agora já teve como resultado mais de 70 palestinos mortos e outros mil feridos.
Os palestinos precisam de paz e optaram por ela, paz esta baseada na igualdade de direitos e no respeito mútuo, paz que reconhece os direitos da população palestina; uma paz justa, que traria estabilidade para o Oriente Médio. Assim, exortamos aqueles que apreciam os benefícios da paz justa na região e o mundo em geral a fazer tudo que lhes for possível para salvar o processo de paz, ameaçado pela matança atualmente sendo cometida contra a população palestina e as violações dos acordos de paz.

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