São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Investidor teme campanha por reeleição

GILSON SCHWARTZ
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O Institute of International Finance (IIF), criado pelos bancos credores depois da crise de 1982, afirma que a campanha pela reeleição presidencial de FHC criará mais problemas com o Congresso.
A afirmação faz parte de análise sobre o Brasil, que foi distribuída no seu encontro anual, em Washington, Estados Unidos.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, primeiro orador no encontro, encerrou seu discurso com uma sutil referência ao tema.
Dizendo-se confiante na continuação da política de estabilização até 1998, Malan completou, com um sorriso malicioso, "pelo menos".
O relatório de setembro do IIF diz que "as dificuldades do governo com o Congresso deverão aumentar como resultado das manobras prévias à eleição presidencial, particularmente se o presidente Cardoso buscar uma mudança constitucional que lhe permita um segundo mandato".
Déficit fiscal
O relatório diz que o déficit fiscal é "excessivo" e que uma desvalorização cambial não deve ser descartada como resultado da queda na confiança e da redução nas taxas de juros.
Uma desvalorização "teria um grande impacto em algumas instituições financeiras que tomaram emprestado no exterior para se aproveitarem da diferença entre taxas de juros".
Para o IIF, no Brasil "claramente persistem riscos significativos".
Durante o discurso, Malan afirmou que é muito difícil conseguir os 60% necessários para uma mudança constitucional e que em muitos outros países existe a mesma dificuldade. Citou os EUA, o Japão, a Alemanha e a Itália.
Falando em seguida, o ministro da Economia da Argentina, Roque Fernández, disse que em seu país o Congresso aprova tudo o que é necessário.
Malan disse que o governo fez uma aposta na aprovação de reformas a partir do apoio político obtido com a inflação baixa, mas essa aposta continua em aberto. É também isso que explica a necessidade de políticas de juros e cambial mais duras.
Respondendo a uma pergunta sobre o crescimento preocupante da dívida pública interna brasileira, o ministro disse que espera estabilizá-la em nível equivalente a 35% do PIB.
O IIF, com um orçamento para trabalhos de pesquisa e divulgação da ordem de US$ 10 milhões por ano, é sustentado pelos principais bancos do mundo e aproveita a reunião do FMI para fazer seu próprio encontro anual.
No Brasil, a instituição tem como membros o BBA e o Banco do Brasil, além de contar com o apoio do Banco Central.

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