São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Sem-terra invadem área no Pontal

LUIZ MALAVOLTA

DA AGÊNCIA FOLHA, NO PONTAL DO PARANAPANEMA

Rainha promete novas ações

Cerca de 700 sem-terra invadiram na madrugada de ontem a fazenda Rancho Grande, em Euclides da Cunha (760 km a oeste de São Paulo), e iniciaram com tratores o preparo da terra para o plantio de milho e mandioca.
O líder dos sem-terra no Pontal do Paranapanema, José Rainha Jr., anunciou que a invasão da fazenda deflagrou o que o MST está chamando de "operação eleitoral".
Segundo Rainha, a próxima fazenda a ser invadida será a Santa Rita, em Mirante do Paranapanema (640 km de SP), pertencente a Marcelo Negrão, um dos principais articuladores da UDR (União Democrática Ruralista). Negrão mantém na fazenda equipe de 20 seguranças armados, para impedir invasões de sem-terra.
Rainha não informou quando a Santa Rita vai ser invadida. "Será nesta semana. O dia ainda não foi definido", disse. "Nós queremos que o governo faça uma vistoria na propriedade. Essa vistoria vai dizer se a terra é improdutiva. Se for, o governo deve desapropriar a fazenda", afirmou.
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem Negrão para comentar as declarações de Rainha. O dono da fazenda Rancho Grande, Otávio Eduardo Ferreira, também não foi encontrado.
Além da retomada das invasões de fazendas, o MST anunciou que os sem-terra vão reiniciar hoje o bloqueio das agências do Banco do Brasil no Pontal.
Na sexta-feira, as agências de Teodoro Sampaio, Santo Anastácio e Presidente Venceslau foram bloqueadas por grupos de sem-terra, em protesto contra o atraso na liberação de financiamento da chamada safra de verão.
Rainha afirmou que dois ônibus com 120 sem-terra viajou para São Paulo. Eles vão participar da greve dos bancários na capital, mas devem fazer também o bloqueio de uma agência do BB em São Paulo.
Segundo Rainha, a superintendência do banco em Presidente Prudente (558 km de São Paulo) comunicou que pode liberar financiamento imediatamente para 300 dos 1.220 assentados em projetos de reforma agrária.
"Fomos avisados na noite de sexta-feira que esses 300 já receberiam o dinheiro, mas vamos exigir que saia para os outros também."

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