São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Promotoria denuncia 26 por massacre

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O Ministério Público de Rondônia apresentou, na sexta-feira, denúncia contra 20 policiais, quatro líderes sem-terra, um fazendeiro e um gerente de fazenda, pelo homicídio qualificado de 12 pessoas no massacre de Corumbiara.
O massacre ocorreu em 9 de agosto de 95, durante a desocupação da fazenda Santa Elina, em Rondônia. Morreram no conflito dez sem-terra que estavam acampados na fazenda e dois PMs.
São denunciados no inquérito 11 oficiais e nove soldados, entre eles o comandante da operação, coronel José Ventura Pereira.
Eles são acusados de homicídio qualificado contra 11 vítimas do massacre e por lesões corporais dolosas (intencionais) contra 101 posseiros que estavam na fazenda.
A pena para esse tipo de crime é de 12 a 30 anos de prisão.
Fazendeiro e sem-terra
O fazendeiro Antenor Duarte do Valle, dono de uma fazenda vizinha à Santa Elina, e o gerente de sua fazenda, José de Paula Monteiro foram denunciados como mandantes da morte do posseiro Sérgio Rodrigues Gomes, que desapareceu após o massacre.
O corpo de Gomes foi encontrado alguns dias depois. Segundo o promotor Elício Almeida e Silva, que assina a denúncia, os dois infiltraram pistoleiros na operação policial de Corumbiara.
Os líderes sem-terra Cícero Pereira Leite Neto, o "Topa-tudo"; Adelino Ramos, o "Buriti"; Claudemir Gilberto Ramos, o "Pantera"; e José Fernando da Silva, o "Fernando da Gata", também são acusados de homicídio qualificado contra as 11 vítimas do massacre.
Para o promotor, eles assumiram o risco das mortes, ao resistir à ordem de desocupar a fazenda.
Eles também são acusados de lesão corporal dolosa, formação de quadrilha, porte ilegal de arma e cárcere privado, por não permitirem a saída dos posseiros que chegavam à fazenda.
A denúncia, encaminhada ao juiz de Colorado do Oeste (RO), Glodner Luiz Pauletto, significa que o processo começa a tramitar na Justiça.
Além do promotor Silva, da comarca de Colorado do Oeste (RO), assina a denúncia o procurador José Viana Alves, de Porto Velho.
Para apresentar a denúncia, eles se basearam no inquérito policial militar encerrado em agosto.

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