São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Tráfego faz SP ter saudade do rodízio

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês após o final do rodízio de carros, encerrado no dia 30 de agosto, o paulistano tem um bom motivo para sentir saudade da operação que retirou das ruas cerca de 600 mil veículos por dia -a piora no trânsito.
Na comparação com o período do rodízio, os congestionamentos cresceram 53% em setembro, considerado até a última sexta-feira -que, por sinal, teve a maior lentidão do mês, de 191,8 km, às 19h.
Mesmo em relação a junho, período de aulas anterior à operação, houve aumento de 12% na média de picos diários deste mês.
"Voltei a sentir minha tradicional alergia das sextas-feiras", afirma a advogada Ângela Costa, 38, que tem crises prolongadas de tosse quando fica parada em congestionamentos.
"Tenho saudade do rodízio, quando o trânsito estava bem melhor e eu economizava cerca de 40% do tempo que levo para cobrir os 30 quilômetros que costumo rodar diariamente."
A piora mais sensível do trânsito em setembro aconteceu nas manhãs. Em grande medida, as obras viárias da prefeitura, que vêm sendo entregues ao longo do mês, explicam o resultado.
Em situações normais, o aumento no fluxo de veículos resulta em picos maiores à tarde. Neste mês, a lentidão cresceu proporcionalmente mais pela manhã, que chegou a superar a da tarde em duas oportunidades.
Os gargalos provocados por desvios e bloqueios parciais de pista fizeram os picos matutinos atingir a segunda maior marca da história da cidade -146,5 km de lentidão, no dia 10, só inferior ao 153,2 km registrados em um dia de greve do metrô, em maio deste ano.
Segundo a Secretaria de Obras e Vias Públicas, os benefícios que as obras trarão após entregues compensarão com folga os transtornos causados ao trânsito.
Compensação Para Reginaldo Moreira, 42, diretor industrial da Kolynos, valem a pena os problemas que o rodízio causa ao motorista uma vez por semana, porque "nos outros quatro dias, é possível rodar com rapidez e tranquilidade".
Moreira, que coordena campanha da empresa que pretende impedir caminhões que emitam excesso de fumaça preta de entrar em seu pátio a partir do inverno de 97, admite que ficou "revoltado" com a operação no início de agosto.
"No final, achei a idéia interessante, especialmente pelos benefícios que trouxe ao trânsito."
Com a operação, a lentidão medida pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) foi menor até que em julho, mês de férias. Na média dos picos diários, agosto teve 98,9 km de congestionamento, contra 129,4 km de julho.
No que toca à poluição, principal motivo para a realização do rodízio, o encerramento da operação no final de agosto, determinado pela Secretaria do Meio Ambiente, mostrou-se acertado (leia abaixo).

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