São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Shoppings do Rio buscam classes C e D

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Favorecidos pela queda da inflação após o Real, os consumidores de poder aquisitivo de médio para baixo estão agora atraindo investimentos até então voltados à minoria abastada da população.
Os empreendedores de shopping centers do Grande Rio decidiram apostar em áreas com este tipo de perfil.
A Baixada Fluminense é a zona com maior número de novos empreendimentos: quatro, sendo dois em Nova Iguaçu, um em Duque de Caxias e um no bairro do Jardim América, no Rio, na altura do km 1 da Via Dutra.
Também se dirigem ao mesmo tipo de público os shoppings que serão inaugurados em Campo Grande (zona oeste do Rio), Niterói e São Gonçalo.
Mercado inexplorado
Para os responsáveis pelos empreendimentos, essas áreas representam um grande potencial econômico ainda inexplorado.
"As classes C e D são o grande filão atual, porque correspondem a cerca de 80% do mercado consumidor do Rio", diz Manuel Valente, diretor de planejamento da Docasa, que fará a operação do West Shopping Rio, em Campo Grande.
Para Alan Medina, diretor-geral da Marcellino Martins, empreendedora do Iguaçu Top Shopping, em Nova Iguaçu, o mercado de shoppings para as classes de maior poder aquisitivo está "saturado".
"Enquanto isso, há uma camada mais baixa que quer consumir e, graças ao Plano Real, já começou a fazer isso", afirma, calculando em R$ 200 milhões o faturamento do shopping em seu primeiro ano.
Segundo Gustavo Groth, responsável pela comercialização dos espaços do Iguaçu Top, o shopping já sofreu duas expansões antes mesmo da inauguração, marcada para o final de outubro: as 140 lojas originais viraram 260.
"Em dois anos, haverá mais 120 pontos. A demanda dos lojistas é muito grande", afirma Groth.
No caso do Bay Market, no centro de Niterói, o público-alvo são as cerca de 200 mil pessoas que desembarcam diariamente no local, vindas de ônibus, em sua maioria, do subúrbio da cidade e do município vizinho de São Gonçalo.
Por ali passam, também, os usuários das barcas que fazem a ligação com o Rio e cuja estação fica bem próxima ao shopping.
"A maior parte da clientela será das classes C e D, mas, quando o produto é de qualidade, as classes A e B aparecem", diz Arthur Parkinson, vice-presidente para a área de shoppings da Brascan, empreendedora do Bay Market.
Mudança de perfil
Na disputa pelos consumidores da Baixada Fluminense e dos bairros da extrema zona norte do Rio, estará o Dutra 1, no primeiro quilômetro da Via Dutra, com inauguração prevista para abril.
Segundo René Truninger, diretor da Bakersfield, empresa de origem suíça responsável pelo shopping, a região de influência do Dutra 1 compreende um número significativo de habitantes com poder de consumo de médio para alto.
"Isso ainda não foi detectado pelas estatísticas oficiais, mas o consumidor dessa região está mudando", diz Truninger. Ele vê 2,5 milhões de consumidores potenciais num raio de 10 km do shopping.

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