São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Corinthians não empolga, mas não constrange

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E o Corinthians conseguiu escapar do alçapão de São Januário. Mais que isso: embora o Vasco tivesse o gol mais feito do jogo desenhado na cabeça de Edmundo, no primeiro tempo, foi o Corinthians o time que criou mais chances, sobretudo no segundo tempo.
Resumindo: se esse Corinthians não empolga, pelo menos não constrange mais.
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Moral da história: com três atacantes, apesar de nove jogadores contra onze, o São Paulo acuava o Palmeiras. O gol da vitória verde, plagiando o próprio Parreira sem ironia, foi apenas um detalhe do jogo. Um detalhe que não refletiu a superioridade tricolor, do começo ao fim.
E, no começo, não havia três atacantes, mas sim três médios - Axel, Djair e ... surpresa! Válber, escalado na última hora no lugar que estava previsto para Edmílson.
Se esse golpe de Parreira não alterou o esquema tricolor, nem contrariou seus princípios, ao menos deu um toque de classe a mais ao meio-campo, onde o São Paulo plantou sua bandeira desde o apito inicial do juiz.
E o gol tricolor estava latejando quando o Palmeiras, pimba!, num contragolpe filtrado pelo talento de Djalminha, chegou ao 1 a 0. Injusto, mas estava lá no placar, só para o São Paulo correr atrás.
No segundo tempo, com a entrada de Valdir no lugar de Denílson, então, o empate passou a ser inevitável. Mas não precisava vir embalado em tão finos cristais: uma bicicleta de Aristizábal capaz de fazer inveja ao seu inventor e antigo senhor daquela camisa 9, Leônidas, o Diamante Negro.
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O gol de falta que Edinho tomou sábado, contra o Inter, foi apenas mais um elemento de prova para ser incluído no seu dossiê. Se não prevalecer o nepotismo, nem influência de poder, Sérgio haverá de tomar-lhe o lugar rapidamente.
Por falar em Pelé, sem ter falado, parodiando Jô Soares, confesso que está aqui entalado na garganta há tempos esse negócio da Pelé Sports: na minha ingênua visão do mundo, ministro dos Esportes não poderia ter o mais remoto interesse comercial nos assuntos tratados por sua pasta.
E, por favor, poupem-me dessa história de que Pelé está afastado de sua empresa.
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Ronaldinho, Romário e Rivaldo, eis a tríade de artilheiros do Campeonato Espanhol, reconhecidamente, hoje, o mais competitivo do mundo.
Por aqui, ecoam ainda as suspeitas do técnico Zagallo sobre esses quatro craques, que formariam um quarteto histórico em qualquer seleção, independendo da latitude ou do tempo.
Se acrescentarmos neste show a figura de Leonardo, que, a cada rodada, fascina os cartesianos franceses, só resta ao nosso treinador escolher o cabeça-de-área, entre uma penca de talentos específicos, que vão de Mauro Silva a Flávio Conceição, passando por César Sampaio, Leandro, Axel, Zé Elias, Amaral etc., ensaiar a partitura lá atrás e botar pra quebrar.
Nunca foi tão fácil.

Alberto Helena Júnior escreve às segundas, quartas e domingos

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