São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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Uma derrota cara

VALDO CRUZ

Brasília - Tem gente que ainda acredita em milagre, mas dentro do Palácio do Planalto já se jogou a toalha: José Serra ficará fora do segundo turno. É curioso ouvir a avaliação de assessores de FHC sobre os efeitos de uma derrota tucana para o prefeito Paulo Maluf, candidato à sucessão presidencial.
Em uníssono, todos dizem que uma possível vitória malufista não vai atrapalhar os planos de aprovar a emenda da reeleição.
Chegam a dizer que Celso Pitta vai acabar aderindo à tese, de olho na disputa de mais um mandato daqui a quatro anos. Até parece brincadeira.
Mais. Em vez de prejudicar, esses fiéis escudeiros de FHC afirmam que um sucesso malufista pode é ajudar na votação da emenda da reeleição.
"O eleitor está mostrando que deseja continuidade. Vamos usar isso no Congresso na defesa da reeleição. O país poderá manter o que está dando certo sem mudar o gerente", é o que se ouve entre os governistas.
A nova postura palaciana é, na verdade, uma tentativa de escamotear a derrota acachapante no ninho tucano. Se há alguma dúvida, basta dar uma rápida olhada para o passado.
Os caciques tucanos fizeram de tudo para convencer Serra a sair candidato. Diziam que era fundamental vencer na capital paulista para garantir um segundo mandato a FHC.
A derrota tanto é vista como um percalço no caminho da reeleição que a ordem no Palácio do Planalto é votar em Luiza Erundina no segundo turno.
O próprio presidente já confidenciou, no início da campanha, que poderia ser obrigado a votar na petista em São Paulo. Se pudesse, FHC orientaria seus aliados a apoiar oficialmente Erundina na disputa contra Pitta.
Mas aí seria comprar uma briga que inviabilizaria qualquer acordo futuro com o partido de Maluf.
Um tucano mais realista diz o seguinte sobre a derrota em São Paulo: a reeleição vai sair mais cara do que o previsto.

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