São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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Maluf faz operação para retirar próstata

RODRIGO VERGARA; AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf foi operado ontem, às 8h, para retirada completa da próstata. A Folha apurou que Maluf tinha um pequeno tumor. O órgão retirado foi submetido a exames a fim de verificar se o tumor era benigno ou maligno, conforme a praxe nesses casos. Os resultados devem ficar prontos no sábado ou na segunda-feira. O ex-prefeito passa bem.
Maluf foi internado anteontem à noite, às 21h26, depois de entregar o cargo de prefeito ao eleito Celso Pitta. O ex-prefeito tinha uma obstrução na uretra provocada pelo crescimento da próstata. O problema provocava retenção urinária. A operação foi feita no hospital Sírio Libanês pelo cirurgião Miguel Srougi e durou 2h15.
Familiares e assessores do ex-prefeito deram versões diferentes sobre quando foi diagnosticada a doença e marcada a cirurgia. Segundo um dos filhos de Maluf, Flávio, a família teria conhecimento do problema há três meses. Segundo a assessoria, há dez dias.
A cirurgia terminou às 10h15. Às 17h, Maluf ligou do hospital para o deputado Delfim Netto (PPB-SP) para falar sobre reeleição. O presidente Fernando Henrique enviou telegrama a Maluf desejando "um pronto e completo restabelecimento.
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O ex-prefeito Paulo Maluf deve deixar o hospital Sírio Libanês em quatro dias, segundo nota oficial divulgada às 13h e assinada pelo diretor-clínico do hospital Raul Cutait, ex-secretário da Saúde de Maluf.
Segundo o boletim médico, Maluf foi submetido a uma cirurgia para correção de obstrução prostática.
O operação é indicada para retirada de tumores ou quando há um crescimento excessivo da próstata. Cerca de 50% dos homens acima de 50 anos desenvolve o crescimento do órgão.
A cirurgia foi realizada por Miguel Srougi, professor titular de Urologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), que não deu detalhes sobre a operação.
Funcionários do hospital informaram que foi realizada uma prostatectomia radical, cirurgia utilizada para a retirada da próstata e das vesículas seminais.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a prostatecmomia radical só é realizada quando há uma suspeita de câncer localizado. A confirmação só será possível com o exame anato-patológico, que deve ficar pronto sábado ou segunda-feira.
Marjo Perez, chefe do serviço de urologia da Santa Casa de São Paulo, diz que a grande maioria dos pacientes -até 90% dos casos- se recupera bem de um câncer localizado da próstata.
Segundo o médico, se o câncer tiver se espalhado para outras partes do corpo, a cirurgia não é indicada.
Para Perez, essa operação pode deixar sequelas como incontinência urinária -que ocorre em menos de 1% dos casos- e impotência, que pode atingir até 30% dos homens.
"Tanto a recuperação completa como as sequelas dependem do grau de malignidade do tumor", diz o médico.
O ex-prefeito atribui a obstrução da próstata à campanha eleitoral para prefeito, principalmente às carreatas de várias horas ininterruptas, segundo seu filho Flávio.
Campanha
"Meu pai teve problemas na próstata em decorrência da campanha, principalmente das carreatas. Ele ficava em cima do carro, não podia parar para urinar", diz Flávio.
Adilson Laranjeira, chefe da assessoria de imprensa do ex-prefeito, diz que nunca ouviu queixas de dor de Maluf.
Otávio Maluf, 38, outro filho do pepebista, também alega não ter ouvido reclamações do pai. "Ele nunca tinha comentado nada. Nem sobre a doença nem sobre dores."
Família
Após a cirurgia, Maluf foi removido para o quarto 1.011, onde deve ficar até receber alta.
Assim que recobrou a consciência, recuperado da anestesia geral, pediu para ver os filhos.
À tarde, segundo seu filho Flávio, Maluf teria telefonado a políticos para tratar da reeleição. O prime

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