São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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Cai número de bebês vacinados em 96

DANIELA FALCÃO

DANIELA FALCÃO; CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Segundo o Ministério da Saúde, vacinação contra sarampo teve maior queda; faltou verba para campanha de rádio e TV

O número de crianças com menos de 1 ano vacinadas contra pólio, sarampo, tétano, coqueluche e difteria caiu pela primeira vez no país desde 94. Os dados são do próprio Ministério da Saúde.
A cobertura de vacinação contra sarampo foi a que sofreu queda mais significativa. Em 95, 90% das crianças até 1 ano foram vacinadas contra a doença. No ano passado, a cobertura caiu para 80%.
Em 95, haviam sido registrados dez casos da doença e 48 milhões de crianças foram imunizadas. A incidência de sarampo sofreu queda de 92,7% entre 1990 e 95, e o objetivo do governo para 97 era erradicar a doença, a exemplo do que ocorreu com a pólio.
Oficialmente, só faltaram em 96 a tríplice (que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche) e a vacina contra hepatite B. Mas a falta de verbas do Ministério da Saúde dificultou a realização das campanhas no rádio e TV de incentivo à vacinação.
Até 30 de dezembro, a FNS (Fundação Nacional de Saúde) devia R$ 256 milhões aos fornecedores de vacinas e soros. Em 31 de dezembro, o Ministério da Fazenda liberou verba suplementar de R$ 115 milhões para pagar parte do débito com esses fornecedores.
Se não forem liberados mais R$ 560 milhões até 31 de janeiro para a compra de vacinas, as campanhas de imunização em 97 poderão sofrer queda ainda maior.
Pólio
Até a imunização contra a pólio -que desde 1980 é prioridade do governo federal- sofreu retrocesso. Em 1995, a cobertura atingiu 82% dos menores de 1 ano contra 77% no ano passado.
As campanhas que visavam eliminar a pólio renderam ao Brasil elogios da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Desde 88 não é registrado caso da doença no país.
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) advertiu o governo brasileiro no ano passado de que havia risco de a doença voltar a afetar crianças se o programa de imunização perdesse força.
Só se manteve estável entre 95 e 96 a vacinação contra tuberculose (BCG). No primeiro ano do governo Fernando Henrique, a vacinação contra tuberculose atingiu 100% da população até 1 ano pela primeira vez na história do país.
No ano passado, a meta de cobrir todos os brasileiros com menos de 1 ano foi mantida.
Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul decidiu comprar 500 mil doses de vacina tríplice bacteriana da Opas.
O estoque, que deve chegar em 20 dias, servirá para regular o suprimento desse tipo de vacina, que começou a faltar em 96.
O governo gaúcho vai gastar US$ 50 mil com a compra do produto, mas espera receber logo um estoque prometido pelo ministério.

Colaborou Carlos Alberto de Souza, da Agência Folha em Porto Alegre

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