São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANÇA

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de conquistar espaços nos palcos do Brasil e do mundo em 1996, a dança brasileira promete manter-se em evidência também em 1997.
Na esteira do Grupo Corpo e do Balé Folclórico da Bahia, campeões de bilheteria em teatros europeus, outros talentos devem atravessar fronteiras.
É o caso de Antonio Nóbrega, que depois de se consagrar na Bienal de Lyon, realizada em setembro na França, passa a exportar sua linguagem multidisciplinar, que vem dando contornos cada vez mais definidos à dança.
Entre as revelações do ano, a bailarina Andrea Thomioka, 20, é a grande promessa. Em julho passado, esta filha de um nissei e de uma libanesa, nascida em Santo André, venceu o Concurso Internacional de Varna, na Bulgária, a mais exigente e prestigiada competição de dança do mundo, trampolim de nomes como Mikhail Baryshnikov.
Com este prêmio, Thomioka está pronta para ingressar em grandes companhias clássicas. Só que, a exemplo de Márcia Haydée, a probabilidade é que isto ocorra fora do Brasil, em razão da escassez deste tipo de grupo no país.
Disposta a escolher o melhor, Thomioka acaba de recusar convite para integrar o elenco de uma companhia de Wiesbaden, na Alemanha.
Em estilo radicalmente oposto, o coreógrafo Marcelo Gabriel, fundador do grupo Dança Burra, de Belo Horizonte, é outro jovem talento que promete marcar presença em 1997. No ano que termina, Gabriel provou seu vigor cênico com o espetáculo "O Nervo da Flor de Aço". Coreograficamente, mostrou que pode desenvolver uma linguagem inovadora, a partir da desconstrução de padrões formais da dança.
Diversidade
Em 1996, a dança brasileira ainda provou que está entrando em fase de revitalização. Sua diversidade teve como ponto de encontro a 7ª Bienal de Dança de Lyon, que elegeu o Brasil como tema.
Reunindo 500 artistas brasileiros em 106 espetáculos realizados durante 18 dias, a Bienal de Lyon proporcionou à dança brasileira uma difusão até então inédita.
Para completar, eventos e mostras se multiplicaram no Brasil, impulsionando a produção, que hoje se espalha por cidades como Goiânia (onde surgiu o excelente Grupo Quasar), Florianópolis (sede do Cena 11) e Salvador, que revelou o Ballet Rural.
Com o ritmo adquirido em 1996, o próximo ano pode proporcionar reconhecimento definitivo para nomes como Márcia Milhazes. Coreógrafa do Rio de Janeiro, Milhazes brilhou na Bienal de Lyon, com elogios unânimes da crítica.
Como ela, uma leva de coreógrafos independentes que atuava em circuitos alternativos começa a ganhar maior projeção. Prova desta tendência é o espetáculo que o Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro programa para abril.
Até então uma companhia predominantemente clássica, o Ballet do Teatro Municipal do Rio convidou nomes como Lia Rodrigues, Deborah Colker e Regina Miranda para assinar um programa que ainda contará com uma remontagem de "Prelúdios", coreografia que projetou Rodrigo Pederneiras, do Grupo Corpo, 11 anos atrás.
Em São Paulo, o Balé da Cidade se fortalece com um dos melhores elencos do país e o grupo Cisne Negro promete recuperar fôlego, anunciando boas novidades para seu repertório.
Em torno destas companhias veteranas, grupos como o Terceira Dança se organizam para manter viva em 1997 a multiplicidade de propostas que a dança brasileira lançou em 1996.

Texto Anterior: Bocaiúva, Minas, encontra eternidade em "A Lista de Ailce", de Betinho
Próximo Texto: Dança
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.