São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Açominas melhora, mas ainda está em crise

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Açominas foi a terceira siderúrgica mineira a ser privatizada, em setembro de 93, e, como as outras, vem conseguindo bons resultados operacionais -apesar de estar atravessando um grave problema financeiro desde 94.
Esse problema é decorrente de um crédito que a empresa tem a receber da Mendes Júnior Siderúrgica no valor de US$ 766 milhões (valor corrigido).
A empresa recorreu à Justiça para tentar receber pelo menos parte dessa dívida, que resultou na saída do Grupo Mendes Júnior -que era o principal acionista da Açominas privatizada, com 31,5% das ações (atualmente tem 17%)- do grupo de controle da siderúrgica.
Para atenuar o problema, a empresa conseguiu realizar a securitização dessa dívida no exterior, reduzindo o custo da dívida e alongando o prazo de vencimento para até cinco anos.
Mesmo com esse problema, os resultados operacionais são bons. O lucro da Açominas até setembro de 96 era de US$ 57,1 milhões, superior, pela primeira vez, ao registrado em 93 (US$ 51,4 milhões), ano da privatização.
Um dos mais significativos resultados conseguidos pela Açominas foi em relação à produtividade. Em 93, era de 371 toneladas/homem/ano. Em 96, subiu para 600 toneladas/homem/ano, incluindo a produção dos 863 funcionários de setores terceirizados.
Se computada apenas a produtividade dos 3.133 funcionários próprios, o número sobe para 736 toneladas/homem/ano.
"A nossa situação financeira não foi melhorada como a das outras siderúrgicas, mas, mesmo com o endividamento, estamos mostrando que a empresa tem um enorme potencial", disse Omar Fantoni, diretor de Controle e Relação do Mercado.
Segundo ele, a privatização faz bem para qualquer empresa. "Temos mais agilidade e mobilidade. As decisões foram para dentro da empresa. São agora decisões mais técnicas do que políticas", afirma.
A dívida da empresa emperrou os projetos de investimentos, que a Açominas quer deslanchar a partir deste ano. A previsão é investir US$ 500 milhões em cinco anos.
A empresa tem o ISO 9001, sendo a primeira siderúrgica da América Latina a obter essa certificação.
(PP)

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