São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Sindicatos reclamam dos custos sociais

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os sindicatos dos funcionários das siderúrgicas privatizadas em Minas Gerais são unânimes em afirmar que a desestatização impôs um alto custo social nas cidades onde estão as usinas da Acesita (Timóteo), Usiminas (Ipatinga) e Açominas (Ouro Branco).
Todos concordam que a privatização foi boa para as empresas, reconhecendo que elas melhoraram consideravelmente o desempenho, mas afirmam que, para os funcionários, nada mudou. E, sob o ponto de vista do risco de desemprego, piorou.
"Antes da privatização, eram 8.000 funcionários na Açominas. Hoje, são 3.000, e as demissões continuam. Tudo hoje é incerto. O funcionário chega para trabalhar e não sabe se vai encontrar o seu cartão de ponto", afirma Francisco Inácio, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Branco (ligado à Força Sindical).
Segundo ele, o governo "deve privatizar, mas obrigar que os compradores tenham propostas de investimento" para que não aconteçam as demissões.
"Numa cidade como Ouro Branco, tudo gira em torno da Açominas. Com 5.000 metalúrgicos desempregados, sem nada para fazer, a consequência é o aumento do alcoolismo", afirma o dirigente sindical.
Inácio disse que até hoje os funcionários não tiveram participação nos lucros e que, "somente agora, se fala em formar uma comissão para discutir isso".
Exclusão
Gildásio José Ribeiro, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo (CUT), diz que o grande problema da privatização foi a "exclusão dos trabalhadores".
"Para o trabalhador, foi péssimo. Hoje a política da Acesita é a demissão, e isso tem causado um estresse muito grande nos trabalhadores", afirma.
Ribeiro disse que, apesar dos lucros da Acesita terem aumentado, existe em Timóteo um grande número de trabalhadores ociosos, em função das 4.000 demissões desde a preparação para a privatização.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, o engenheiro Altair Vilar, disse que a privatização da Usiminas, apoiada por ele, frustrou os trabalhadores.
"Não que eu seja contra a privatização, mas ela é pura demagogia. Tem de existir alguma coisa para resguardar a comunidade", disse.
"O lucro passou a ser o objetivo único, e a empresa não se preocupa mais com o social, numa cidade que depende dela", disse Vilar.
A região do Vale do Aço tem uma taxa de desemprego de 15%.

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