São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Mercado clandestino cresce em SP

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Números da polícia indicam que está aumentando a quantidade de armas clandestinas em São Paulo.
Levantamento da Divisão de Produtos Controlados da Polícia Civil mostra que o número de armas ilegais apreendidas nos últimos dois anos no Estado de São Paulo cresceu 7,5%.
Em 1995 -para comparar os últimos dois anos- a polícia apreendeu 3.899 armas não envolvidas em crimes, mas cujos donos não tinham licença para portá-las. Até novembro do ano passado (estatística mais recente) o mesmo departamento da polícia já havia apreendido 4.192.
No entanto, no mesmo período, o número de portes de arma concedido pela polícia baixou de 9.137, em 1995, para 7.753, em 96.
Os registros de armas também diminuíram: de 28.868 (1995) para 20.334 (1996) -queda de 29,5%.
Ou seja, o número de armas entregues oficialmente à população e a quantidade de armamento irregular apreendido crescem desequilibradamente. Enquanto se verificou a diminuição de 29,5% na quantidade de registros de armas de fogo, foi constatado o aumento de 7,5% dos casos de apreensões.
"Se as apreensões de armas aumentam no mesmo período em que as concessões de porte e de registros diminuem, isso indica que está havendo uma maior movimentação de armamento clandestinos em São Paulo", diz José Angelo Ricardo, responsável pelo depósito de armas da Polícia Civil.
"Isso demonstra o que sentimos na prática, ou seja, o crescimento do comércio clandestino de armas pesadas. Mesmo porque as armas que normalmente apreendemos são de calibre proibido e provenientes do exterior", disse o delegado titular da Delegacia de Roubo a Bancos, Ruy Ferraz Fontes.
Motivos
Ricardo também tem outras duas explicações para o aumento das apreensões de armas: "O aumento populacional e a campanha de desarmamento promovida pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), que levou cerca de 50 pessoas a entregar suas armas à polícia".
O juiz-corregedor em exercício do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça de São Paulo), Nelson Biazzi Júnior, afirma que as armas de grosso calibre utilizadas em crimes e guardadas pela Justiça durante o processo criminal têm aumentado na razão de 20% ao ano.
Ele não revela o número de apreensões "por questão de segurança". "Esse aumento do armamento pesado mostra que em São Paulo está ocorrendo a especialização do crime", afirmou Biazzi.
O depósito de armas do Dipo, em São Paulo, conta com várias modelos de armas pesadas que são apreendidas no Rio: fuzis AR-15, HK e FAL e pistolas Glock.
As armas apreendidas em São Paulo têm três destinos: os depósitos provisórios da Polícia Civil ou os da Justiça, e as dependências do Exército, onde são, na maioria das vezes, destruídas (prensadas).

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