São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Fim da Guerra Fria elevou oferta

DA SUCURSAL DO RIO

O fim da chamada Guerra Fria e o consequente encalhe de armas no mercado internacional é uma explicação corrente para justificar por que o Rio passou a receber, nos últimos anos, um crescente número de armamento contrabandeado.
Relatório interno de 1996 do delegado da Polícia Federal do Rio Antonio Carlos Rayol informa que as armas vêm de Miami (por via aérea), da cidade do Panamá (por via marítima) e do Paraguai (por via rodoviária).
"É impressionante como entra tanta arma. A gente apreende, entra mais. Apreende, entra mais", diz o chefe do Serviço de Repressão da Divisão de Repressão a Entorpecentes, Mário Augusto Berquó, 46.
Berquó tem na ponta de língua nomes de supostos traficantes de drogas que atuam em favelas e que lidariam também com contrabando de armas, como José Roberto da Silva Filho, o Robertinho de Lucas (da favela Parada de Lucas, na zona norte).
Mas, ao ser questionado sobre os grandes traficantes de armas que atuariam no asfalto e seriam os atacadistas, ele se cala. "Temos uns três suspeitos, que tiram onda de colecionadores de armas. Mas não temos como incriminá-los."
O próprio relatório produzido por Rayol informa que as prisões e apreensões realizadas pela PF no Rio foram feitas "no asfalto", envolvendo "pessoas que não moram nos morros, algumas delas na verdade com considerável poder aquisitivo".

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