São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Arquitetos revelam o apartamento ideal

LEANDRO CONTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Caso fosse realizada uma pesquisa para eleger o apartamento ideal, haveria uma grande possibilidade de ocorrer um empate técnico entre milhões de propostas.
Afinal, cada um imagina o imóvel ideal de acordo com suas necessidades e seus desejos.
A realidade mostra que a maioria das pessoas acaba escolhendo o imóvel influenciada mais pelo preço. O projeto arquitetônico acaba sendo um detalhe menor.
Por isso, a Folha convidou quatro renomados arquitetos para apresentar suas idéias sobre o imóvel ideal. Eles fizeram sugestões para apartamentos de um e de dois dormitórios e também para a área comum dos edifícios.
Os projetos de João Armentano, Sig Bergamin, Gil Carvalho e Benedito Abbud mostram preocupação com o conforto e a praticidade.
Espaço e integração
Sig Bergamin, 43, por exemplo, oferece espaço ao convívio da família em um projeto para um apartamento de dois quartos.
Escritório integrado à residência foi a solução adotada por Gil Carvalho, 40. Ele projetou apartamentos dúplex, com um piso dedicado à moradia e o outro, ao trabalho. Cada um tem entradas exclusivas.
"De agora em diante, as pessoas vão trabalhar cada vez mais em casa", justifica Carvalho.
Para quem prefere morar sozinho, o arquiteto João Armentano, 38, projetou um apartamento construído como uma caixa.
O imóvel tem um pé-direito alto e as divisões são feitas de acordo com a preferência do morador.
A sugestão de Armentano também prevê muito espaço livre na área social para receber amigos.
Tamanho e preço
Uma constatação: apesar de apresentarem conceitos diferentes, os projetos têm áreas maiores que a maioria dos apartamentos lançados nos últimos anos.
As construtoras justificam a redução da área dos apartamentos com o argumento de que o consumidor não pode pagar imóveis maiores. "Deixamos os apartamentos do tamanho do bolso do consumidor", afirma Odair Senra, 49, diretor da construtora Gafisa.
Na opinião dos arquitetos, além da redução do espaço, inovações nas plantas dos apartamentos não são bem recebidas pelo mercado.
"As construtoras só ficam no 'feijão-com-arroz' porque o público não tem condições de pagar pelas novas idéias e por mais espaço", afirma Gil Carvalho.
No entanto, algumas tendências internacionais acabam chegando aos projetos. É o caso da cozinha integrada à sala de jantar por um balcão, característica da maioria dos lançamentos atuais.
Área comum
Como compensação pela falta de espaço nos apartamentos, as construtoras investem cada vez mais na área comum dos edifícios.
Com isso, as áreas de lazer ficam cada vez mais sofisticadas. Muitos prédios têm academias de ginástica, quadras esportivas, pista de cooper e piscina aquecida.
"Procuramos colocar nos projetos o máximo de opções de lazer para todas as idades", afirma Benedito Abbud, 45.
Para Sig Bergamin, porém, essa opção é "puro marketing". "Isso é só para vender o prédio. Ninguém usa essas áreas de lazer."

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