São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Índice

'Ieltsin deveria cuidar dos netos'

DO "LIBÉRATION"

O momento escolhido por Alexander Lebed para lançar seu partido pode parecer curioso, já que o presidente Boris Ieltsin acaba de retomar o comando do Kremlin, após uma cirurgia cardíaca.
Mas o general não alimenta ilusões quanto ao estado de saúde do presidente russo. "Ieltsin é um homem muito doente", declarou em entrevista concedida ao jornal "Nezavissimaia Gazeta".
"Seu retorno à vida ativa, enquanto presidente, representa uma ameaça à sua própria vida. Ele deveria ficar cuidando de seus netos."
Mas Lebed reconhece ser pouco provável que Ieltsin renuncie.
A análise que faz da situação é sombria. "Mais uma vez, o país se encontra à beira de uma fronteira perigosa, além da qual correremos o risco de viver perturbações e reviravoltas sociais e políticas".
É verdade que Lebed se enganou em ocasiões anteriores -por exemplo, quando previu um "outono quente" e a demissão do premiê Viktor Tchernomirdin.
Mas isso não o impede de inovar e, agora, pedir uma reforma da Constituição para instaurar um regime "presidencial-parlamentar" em lugar do regime atual, "superpresidencial".
Não se pode negar que sua iniciativa seja hábil, pois lhe permite puxar o tapete daqueles que lançam dúvidas sobre suas convicções democráticas, além de deixar em segundo plano os inoportunos elogios que teceu ao general Augusto Pinochet, ex-ditador do Chile.

Texto Anterior: Partido de Lebed quer ser 'terceira via'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.