São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Cervejarias exigem alto investimento

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Começa a ganhar espaço no Brasil a mania que já domina o mercado internacional -as microcervejarias, fábricas que produzem o chope no local do consumo.
Em Nova York (EUA), elas já somam 800. O Brasil tem seis unidades instaladas e projetos para abertura de mais seis até o final de 97.
Apesar do nome, as microcervejarias produzem somente chope, ou seja, cerveja não pasteurizada.
"Como servimos na própria fábrica, nossa bebida não precisa ter uma vida longa. Por isso dispensamos a pasteurização e a adição de conservantes e estabilizantes", explica Arlindo Dionísio Filho, 37, dono da cervejaria Brew Pub.
Segundo ele, as microcervejarias têm quase toda a aparelhagem de uma cervejaria grande, mas em tamanho reduzido.
"Uma microcervejaria precisa de, no mínimo, dez sistemas de produção de cerveja."
A fábrica de cerveja Brew Pub foi projetada por Dionísio Filho e tem capacidade para produzir cerca de 60 mil litros de chope por mês.
Pioneirismo
A pioneira do segmento no Brasil é a curitibana Bavarian Park, fundada em 1986. Há dois anos, mudou de dono e passou a se chamar Alle's Bier.
A fábrica tem 3.600 m2 de área construída e custou ao novo dono, Doni Zabom, 37, a "bagatela" de R$ 9 milhões.
Sua capacidade de produção é de 480 mil litros de chope por mês.
"Fabricamos muito para abastecer as outras duas unidades de Curitiba, que só produzem cervejas especiais, e as casas que estamos abrindo", diz Zabom.
A Alle's Bier inaugurou, em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), sua segunda fábrica. O novo empreendimento tem capacidade para produzir 15 mil litros de chope por mês.
Foram gastos na construção da nova fábrica cerca de R$ 3,7 milhões. Zabom espera que o investimento tenha retorno em dois anos.
A empresa tem planos de abrir mais três unidades: em Goiânia, Belo Horizonte e Fortaleza.
Grife
A grande revolução no conceito de microcervejarias no Brasil, porém, foi feita pela gaúcha Dado Bier, que, depois de dois anos sendo a coqueluche de Porto Alegre, aterrissa em São Paulo e planeja vôos mais altos.
"Queremos em pouco tempo ser uma grife no Brasil como é a Hard Rock Café", planeja Eduardo Bier, o Dado, idealizador do projeto.
Como nos cafés norte-americanos, a cervejaria vende lembrancinhas com a logomarca da empresa estampada, como bonés, chaveiros, camisetas etc.
Para dar início ao seu plano de expansão, Dado se uniu aos tenistas Cássio Motta e Luís Mattar, além dos sócios João Joaquim de Almeida Braga e José Dias Macedo. Juntos, investiram US$ 7 milhões para construir a unidade paulistana da choperia, com capacidade para produzir 60 mil litros de chope por mês.
"Essa fábrica tem o padrão de qualidade que pretendemos implantar nos próximos empreendimentos", afirma Dado Bier, que espera faturar cerca de R$ 1 milhão por mês com a nova casa.
A estratégia da Dado Bier previa a inauguração da unidade paulistana no verão, época que se consome mais chope.
No Rio de Janeiro deve acontecer o mesmo. Segundo Dado, está previsto para o verão de 1998 a abertura da unidade carioca.
Os planos do empresários não param por aí. Ele espera contar com novos parceiros em outros lugares do Brasil para a expansão dos negócios.
Franquia
O ramo das cervejarias é tão promissor no Brasil, que a Cervejaria Continental, de Blumenau (SC), investe na venda de franquias para a abertura de novas unidades.
Atualmente, são três cervejarias franqueadas, todas na cidade de São Paulo. Já estão sendo negociadas, porém, franquias em Natal, no ABC paulista e no bairro da Mooca (zona leste de São Paulo).
Segundo Telmo Cortes de Carvalho Neto, 46, sócio, o investimento para a aquisição de uma franquia varia de acordo com o imóvel. "A unidade do Morumbi (zona sul de São Paulo), por exemplo, custou cerca de US$ 1,2 milhão", diz.
As unidades franqueadas não fabricam o chope, que é fornecido pela Brahma. Mas, para o início deste ano, a Continental planeja abrir a primeira fábrica paulistana da rede, que produzirá 40 mil litros de chope por mês.
A fábrica, que deverá custar US$ 2 milhões, fornecerá chope para todas as unidades franqueadas.
Por enquanto, a Continental conta com a fábrica instalada em Blumenau, que produz 15 mil litros de chope por mês.

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