São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Custo em Santos pode cair 50%

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A estatal que dirige o porto de Santos (SP), o maior da América Latina, sofrerá forte "enxugamento" em 97, deixando de atuar na área operacional para se dedicar apenas à sua administração.
Com isso, as tarifas portuárias poderão sofrer uma redução de até 50%. A previsão é do diretor-presidente da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), Marcelo de Azeredo.
Segundo ele, para que a empresa transfira a operação para a iniciativa privada, resta obter recursos para pagar as indenizações de 2.600 empregados que serão demitidos.

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Agência Folha - Como está a privatização do porto de Santos?
Marcelo de Azeredo - Em um ano de realização do nosso Programa de Arrendamentos e Parcerias no Porto de Santos, estamos em curso com 24 processos licitatórios. Dez já foram concluídos e estão com seus contratos assinados.
Representam cerca de R$ 200 milhões que estão sendo investidos no porto, movimentando, por estimativa contratual, mais 6 milhões de toneladas/ano, ou seja, um porto do Rio de Janeiro só nesses dez contratos.
Os outros 14 processos representam um adicional de 14 milhões de toneladas às 35 milhões de toneladas movimentadas anualmente.
Agência Folha - Qual será o impacto dessas medidas sobre o chamado custo Brasil?
Azeredo - A Codesp fez um estudo profundo para o desmembramento da empresa em administradora portuária, que será nossa única função, e operadora portuária, em extinção. Essa empresa velha tem de sofrer uma injeção de recursos para zerar suas contas antes de desaparecer.
Atualmente, temos condições -só nos falta o recurso- para desligar mais 2.600 funcionários, metade do atual quadro. Faltam-nos recursos para a indenização, mas temos uma negociação bastante avançada com o Banco Mundial para esse financiamento.
Isso feito, teríamos hoje condições para repassar imediatamente uma baixa de US$ 4 por tonelada movimentada no porto de Santos.
Agência Folha - O que isso significa em termos percentuais?
Azeredo - No caso dos granéis sólidos, produtos de valor agregado baixo, nós teríamos um percentual de até 50% de redução.
Agência Folha - A Codesp poderá deixar de ser operadora já em 97?
Azeredo - Estamos só dependendo dos recursos para desligar os funcionários de capatazia (área operacional). Nossa meta é chegar ao final de 98 com 4,5 milhões de m2 de área arrendada (62% da área portuária), estar preparados para movimentar 70 milhões de toneladas (o dobro da atual movimentação anual) e ter nossos custos reduzidos em até 50%.
Agência Folha - Quais necessidades de investimento o porto de Santos ainda tem para ficar competitivo internacionalmente?
Azeredo - O grande problema é a obsolescência dos equipamentos. Além disso, são necessários investimentos na infra-estrutura terrestre e uma dragagem de manutenção constante, para que possamos ter um calado (profundidade de água mínima necessária para um navio flutuar) adequado para receber navios maiores.
Mas nosso programa de arrendamentos prevê uma série de investimentos da iniciativa privada, na casa de US$ 1,3 bilhão.

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