São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Túlio tenta recuperar alegria de jogar

DA SUCURSAL DO RIO; DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Túlio, 27, disse que está se transferindo para o Corinthians em busca de motivação. "Estou precisando mudar de ares, buscar uma coisa nova que mexa comigo. Quero voltar a ser aquele jogador vibrante e alegre de sempre."
Ele quer reeditar suas atuações de 94 e 95, quando foi, por duas vezes, artilheiro do Brasileiro. Em 95, além da artilharia, conquistou o título da competição pelo Botafogo-RJ. Em 96, no entanto, não conseguiu o mesmo destaque.
No futebol carioca, o jogador se diz sem motivação. "Pode até ser alguma coisa momentânea, mas os clubes do Rio de Janeiro estão meio caídos. Minha permanência no Botafogo está descartada."
Ele não acredita que terá problemas para se adaptar ao futebol paulista. "É mais fácil do que seria uma transferência para a Espanha, Holanda, Alemanha, Inglaterra ou Japão", comentou.
"Vou sentir falta da praia, mas isso não vai atrapalhar. O importante é que o futebol é o mesmo, a bola é redonda e o gol está ali. É só chutar e correr para a galera."
"No Corinthians ou em qualquer lugar para onde eu for, tudo pode mudar, menos meu estilo de artilheiro."
A apresentação
A diretoria corintiana marcou a apresentação de Túlio para às 15h30 de hoje, no Hotel Brasilton (centro de São Paulo). Foram contratados 15 seguranças para evitar tumultos diante do local.
A Gaviões da Fiel, maior organizada do Corinthians, reclamou da escolha do hotel para apresentação do jogador e exige que ele seja levado, depois, ao Parque São Jorge.
A chegada do jogador, porém, estava condicionada ao resultado de uma reunião com dirigentes do Corinthians e do Botafogo, marcada para as 18h de ontem, no Rio, e que não havia terminado até o fechamento dessa edição.
O atacante já havia assinado um pré-contrato com o Corinthians. "Entre nós está tudo certo", disse Túlio.
O pré-contrato deixou o presidente do Botafogo, José Luiz Rolim, muito irritado. Como o acerto com Túlio foi feito na gestão de Carlos Augusto Montenegro, seu antecessor, Rolim diz que não o reconhece. Ele chegou a proibir o jogador de se apresentar hoje ao Corinthians.
O protesto
Túlio lamentou a reação da torcida botafoguense, que o chamou de traidor e tentou convencê-lo a permanecer no Rio.
"Saio como cheguei: em silêncio, com simplicidade e humildade. O objetivo é deixar o coração de lado e agir com a razão."
"Gosto do Botafogo, mas não dava mais para ficar num time que não paga salário", reclamou. "Se a torcida está brava, ela que entre no meu lugar e jogue de graça."
O atacante recebia R$ 110 mil mensais. Desde agosto, que o Botafogo não lhe paga salário.
No Corinthians, deverá ganhar R$ 150 mil, duas vezes mais do que recebe o meia-atacante Marcelinho, que detinha o maior salário do time paulista.
Anteontem, pressionado pela torcida, o presidente do Botafogo lhe ofereceu R$ 160 mil mensais.
"Prefiro São Paulo, que é diferente. É difícil você escutar jogador reclamando de pagamento."
Caso não tenha autorização para se apresentar ao Corinthians, Túlio disse que recorrerá à Justiça. "Posso pedir meu passe pelo atraso no pagamento de salários."
Segundo a diretoria do Corinthians, a Pepsi, que patrocinou o Botafogo em 96, ao assumir parte da dívida do clube carioca, tornou-se dona de 60% do passe do jogador.
Corinthians e Pepsi também negociam contrato de patrocínio para as temporadas 97 e 98.
Além de Túlio, o time ficou de apresentar o zagueiro Sangaletti e o meia Fábio Augusto, comprados do Guarani por R$ 2,5 milhões.

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