São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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LIMPEZA E AMBULANTES

A limpeza e a organização do espaço livre nas deterioradas regiões centrais das grandes cidades têm feito parte do conjunto de promessas de sucessivos administradores. O novo prefeito de São Paulo, Celso Pitta, não fugiu à regra. Já no seu segundo dia no cargo, prometeu um centro mais limpo e uma maior disciplina sobre a atividade dos vendedores ambulantes presentes na área.
Uma eficiência maior na retirada de detritos das ruas é um objetivo factível, que deve contar com a colaboração do cidadão que transita pela região. Mas a regulamentação do uso do espaço não pode ser considerada tarefa de fácil realização, principalmente se ela for limitada, como tem ocorrido no passado, a operações policiais de repressão contra camelôs ou mesmo moradores de rua.
Ao assumir a prefeitura, em 1993, Paulo Maluf dizia ser capaz de solucionar a disputa entre ambulantes, pedestres e comerciantes no centro. Na sua avaliação, o problema era apenas uma consequência da política petista que o antecedera.
Mas suas seguidas tentativas de ordenar a ocupação do espaço foram não apenas malsucedidas, mas também propiciaram a ocorrência de violentos confrontos que deixaram diversas pessoas feridas e danificaram vários estabelecimentos comerciais. Tanto em 1993 como no ano passado, as ações de fiscais e da Guarda Civil Metropolitana, visando a retirada de camelôs pela força, mostraram-se totalmente infrutíferas.
Celso Pitta precisa adotar uma política que fuja de alternativas dessa natureza. A presença de vendedores ambulantes ou moradores de rua no centro da cidade de São Paulo tem causas e circunstâncias muito mais complexas, que estão longe do alcance das meras operações policiais -em sua maioria, desmedidas.
Melhor seria se o prefeito investigasse seriamente as denúncias de existência de quadrilhas que negociam pontos-de-venda para camelôs e inviabilizam a ação do poder público -problema já abordado por uma CPI da Câmara Municipal, mas com poucos resultados práticos. Seria uma ação de menor impacto inicial, mas de um alcance muito maior.

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