São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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NEGÓCIO DRAMÁTICO

O teatro Ruth Escobar está sendo adquirido pela Associação de Produtores Teatrais do Estado de São Paulo. Uma substanciosa contribuição de R$ 2 milhões, obtida junto à Telesp, companhia telefônica paulista, ajudará a Apetesp a quitar o débito. Há pelos menos dois visíveis contra-sensos embutidos nessa transação de frágeis justificativas.
O governo federal pretende implementar privatizações na área das telecomunicações, o que é louvável, em vista dos limites orçamentários dos governos estaduais e do imperativo de ampliar e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.
Como então explicar que uma empresa estatal exatamente desse setor (que mal consegue realizar satisfatoriamente sua atividade fim) faça um desembolso tão vultoso para a aquisição de um teatro?
É igualmente questionável a escolha desse patrimônio específico, o teatro Ruth Escobar, para a dotação cultural. Em quais critérios teria se baseado a Telesp? Por que seria a atriz, e não outra pessoa física ou jurídica, a beneficiária de tão generoso quinhão dos recursos da estatal? A importância desse espaço, muito mais ligada a um passado já distante do que ao momento atual, seria suficiente para justificar a benesse?
É preciso muita dialética para justificar a distância abismal entre a retórica oficial de austeridade e acordos nada transparentes e de necessidade extremamente duvidosa como esse.

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