São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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Governo prepara 'votação relâmpago' para reeleição

DENISE MADUEÑO
DANIEL BRAMATTI

DENISE MADUEÑO; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Comissão deve apreciar tema dia 13; votações seriam dias 15 e 22

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu acelerar a votação na Câmara e preparou uma "agenda relâmpago" para tentar aprovar o projeto que permite a sua própria reeleição.
Para garantir a aprovação da emenda, o PFL endureceu o jogo e promete retirar da comissão especial um deputado do PTB que ameaçava votar contra.
O governo, que antes esperava aprovar a emenda na Câmara no início de fevereiro, agora se prepara para tentar encerrar a votação no dia 22 de janeiro.
Para viabilizar a tramitação mais rápida, o governo apelou para a convocação de duas sessões extraordinárias do plenário.
A emenda será votada em plenário em primeiro turno na quarta-feira, dia 15, à noite, no prazo mais curto possível após a votação na comissão, marcada para dia 13.
O governo estava impedido de votar o projeto na comissão antes do dia 13 por causa do risco de rebelião no PMDB. O partido exigiu que a matéria fosse analisada após sua convenção, no dia 12.
A marcha acelerada será mantida no segundo turno, previsto para dia 22, também em uma sessão extraordinária, à noite. As votações ocorrerão às quartas-feiras. O dia foi escolhido por ser o de maior quórum durante a semana.
Troca A vítima do PFL é o deputado Philemon Rodrigues (PTB-MG), que poderá não participar mais da comissão especial por ameaçar votar contra a reeleição.
O PTB formava bloco com o PFL e coube ao líder Inocêncio Oliveira (PFL-PE) indicar os seus representantes na comissão. "Vou exercer a prerrogativa de indicar os seis integrantes a que o PFL tem direito na comissão", disse Inocêncio.
O bloco tem sete deputados na comissão especial. Cinco do PFL e dois do PTB. Inocêncio vai manter Duílio Pisaneschi (PTB-SP), tido como voto certo a favor de FHC, e já escolheu Jairo Azi (PFL-BA) para substituir Rodrigues.
"Se o PFL fizer isso estará praticando retaliação contra o PTB e vai complicar a formação de um futuro bloco", disse Rodrigues. O PTB rompeu com o PFL no final do mês passado e negocia com outros partidos a formação de novo bloco.
Rodrigues disse que votaria de acordo com a decisão do PTB, mesmo sendo a favor da reeleição só para os próximos governantes.
A Executiva do PFL, que se reúne quinta-feira, deve recomendar o voto favorável à reeleição para fortalecer sua posição. Inocêncio disse que só seis deputados do partido não foram convencidos a votar pela reeleição, nenhum da comissão.
O PFL pode voltar a ser o maior partido na Câmara, com 103 deputados, com a filiação hoje de João Carlos Bacelar (BA) e Elton Rohnelt (RR), que deixam o PSC.
As bancadas mudam a cada dia com a entrada de deputados suplentes e mudanças partidárias.

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