São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Coreógrafo brasileiro mostra em Barcelona mistura de artes

Espetáculo "Nº 2.01" fica em cartaz até meados do mês

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Aos 23 anos, o brasileiro Tiago Carneiro da Cunha já trabalhou como assistente do diretor teatral Bob Wilson, foi premiado pelo governo espanhol e está com participação confirmada na Expo-98, megaevento que se realizará em Portugal.
Formado em artes plásticas, Tiago saiu do Brasil aos 18 anos, para estudar em Nova York. Desde 1995 vive em Barcelona (Espanha), onde desenvolve um trabalho interdisciplinar de artes cênicas.
Até meados deste mês, sua criação mais recente, "Nº 2.01", está em cartaz na Fundação Miró de Barcelona. "Sempre trabalho com uma visão global de espetáculo, que permite revisitar todas as artes, como dança, teatro, circo, música e artes plásticas", ele diz.
"Nº 2.01" é o ponto de partida para o espetáculo da Expo-98. Concebido e dirigido por Tiago, conta com a participação de um grupo de artistas de formações diversas, que exercem atividades paralelas, mas se reúnem em torno de projetos comuns.
Para expressar, ironicamente, a idéia de corporação, o grupo se autodenomina *** (isso mesmo, três asteriscos, símbolo que na Espanha é facilmente relacionado a uma marca de geladeiras).
"Como diziam que nosso trabalho era frio, esses asteriscos servem para expressar a idéia de potência contida no refrigerador."
Na realidade, "Nº 2.01" é uma instalação que, na noite de estréia, em 19 de dezembro, incluiu um espetáculo ininterrupto de duas horas e meia, com sete atores.
Realizado numa sala de 200 metros quadrados situada na parte subterrânea da Fundação Miró, a apresentação se integrava à instalação, que sugere campos esportivos.
Explorando alusões de passado e futuro, "Nº 2.01" procura discutir a linearidade e a narrativa na linguagem cênica -questões que vêm permeando as concepções de Tiago.
"Procuro romper com esses padrões porque, ao contrário das artes plásticas e mesmo da música, as artes cênicas acabam sempre seguindo um tempo unidirecional, dentro de uma lógica linear de movimento. Isso sempre me frustrou, e, então, comecei a pesquisar um espetáculo fora desses parâmetros, capaz de fazer com que o espectador perca noções de começo e fim, duração e local da ação."

Texto Anterior: Saint Phalle reabre Casa França-Brasil
Próximo Texto: Filha de Madonna lerá Bíblia e não verá TV; Roteiro sobre Glenn Miller é encontrado; Revista americana destaca Oasis e Pulp
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.