São Paulo, quarta-feira, 8 de janeiro de 1997 |
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Ameaça deve ser levada a sério
MAURO TAGLIAFERRI
A opinião é do psiquiatra e psicoterapeuta Marco Antônio Spinelli. Segundo ele, embora os indivíduos com tendências a cometer crimes passionais sejam impulsivos, eles agem de maneira planejada. "Dependendo do caso, mando o ameaçado sumir. É preciso levar em conta a ameaça e procurar obter dados concretos das chances de a pessoa cumpri-la", disse ele. Para Spinelli, é preciso detectar se o ameaçador está passando de uma situação fantasiosa para a concreta. "Ele começa a seguir, a conhecer todos os horários da pessoa perseguida, compra uma arma e repete as ameaças", contou. Esse seria o momento, segundo o psiquiatra, de uma intervenção da família e dos amigos do ameaçador. "Mas a tendência das pessoas é não tomar providências. Elas acham que é só uma fase", afirmou. Spinelli relatou o caso de um paciente dele, um rapaz de 22 anos, que começou a ameaçar matar a namorada e se suicidar. "Conseguimos intervir e formar uma malha de amigos e familiares em torno dele. Ele está em internação domiciliar. Hoje, o risco permanece, mas diminuiu de intensidade." O fim do ano também é apontado por especialistas como uma época propícia a crimes ligados a problemas afetivos. "A gente nota que em épocas festivas, como aniversários, Dia das Mães e fim de ano, há uma exacerbação das pulsões afetivas, com maior número de delitos passionais ou que envolvam algum tipo de afetividade, como filhos que matam os pais", disse o psiquiatra forense Guido Palomba. "É uma época em que as pessoas descompensam. Há uma exigência da sociedade em ser feliz. Como muitas pessoas não estão, surge um fator desencadeador de problemas", afirmou a psiquiatra clínica Vera Tess, dos Hospital das Clínicas de São Paulo. "A época é psiquicamente estressante, sobretudo para os solitários. Muita gente com quadro depressivo piora", completou Spinelli. (MT) Texto Anterior: Crimes passionais matam 8 em 6 horas Próximo Texto: Segurança mata 2 e se suicida Índice |
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