São Paulo, quarta-feira, 8 de janeiro de 1997
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John Travolta vira anjo em "Michael"

JEANNE WOLF
ESPECIAL PARA A FOLHA

John Travolta é tudo menos angelical em "Michael", a nova comédia escrita e dirigida por Nora Ephron (de "Sintonia de Amor"), em cartaz nos EUA.
Isso levando em conta que ele interpreta um anjo: "Não existe nenhuma regra escrita sobre os anjos", ele fala, com um sorriso. "Quem disse que não podem beber, fumar e até fazer sexo?"
O charmoso e irresistível Travolta é provavalmente um dos poucos atores que poderiam interpretar o legendário arcanjo Miguel (Michael, em inglês) como um sujeito que não consegue dizer não aos prazeres terrenos sem fazer com que pareça um herege.
Não apenas Michael gosta de cigarros, uísque e mulheres, mas tem também um grande apetite por açúcar e comida barata. E suas asas empoeiradas parecem estar precisando de boas escovadas.
Asas
"Eu amei as asas", Travolta sorri, "apesar das duas horas que levava todos os dias para colocá-las e de depois de algumas horas no set de filmagem elas se tornarem muito desconfortáveis."
Se usar asas foi um pouco desencorajador, exibir uma larga e flácida barriga foi mais fácil para o ator: "Eu não tive que ganhar peso ou qualquer coisa assim para o papel", revela.
"Eu sou naturalmente mais pesado do que deveria ser. Perguntei para Nora Ephron se ela queria que eu perdesse uns poucos quilos, e nós decidimos que seria engraçado se eu não o fizesse. Eu quis parecer uma espécie de estátua grega em ruínas."
Cozinha
Travolta, que é notório por sua paixão por alta cozinha, preparava uma mesa com a equipe de filmagem para desfrutar de uma suntuosa refeição preparada por seu próprio "chef" -escolher o cozinheiro é uma cláusula que ele insiste que seja incluída em seus contratos a cada filme.
"Até o motorista adora", ele conta. "Não há nada como uma boa refeição. Era ótimo poder observar Nora Ephron. Ela não comia muito, mas eu podia observar que ela experimentava tudo."
"Eu desfruto a vida, mas pessoalmente não vou tão longe quanto Michael", ele continua.
"Acho que eu tenho um apetite insaciável para a diversão. Eu não apenas gosto de comer, gosto também de risos. Algumas pessoas confundem minhas brincadeiras no set, como se eu não estivesse levando o trabalho seriamente. Penso que isso me ajuda a ser um ator melhor. Nada me faz mais feliz do que fazer as pessoas rirem."
Julgamento
Travolta espera que "Michael" possa encorajar as pessoas a fazer um julgamento menos severo sobre a sociedade. "Eu vejo esse anjo como uma espécie de metáfora para nosso espírito crítico, para as pessoas que julgam demais, que vão um pouco longe com isso."
O trabalho de Michael é convencer um grupo de repórteres de jornais de escândalos, liderados por William Hurt, que já viu de OVNIs a fantasmas, de que é realmente um mensageiro enviado dos céus.
Travolta acredita em anjos? "Eu não sei se acredito neles, literalmente. Acho que as pessoas na minha vida têm me protegido como se fossem anjos -meus pais, meu primeiro agente, muitas pessoas que cuidaram de mim e têm ficado ao meu lado. Também acredito que eu sou um anjo da guarda para meu filho e minha mulher."
Volta
Ultimamente -o que já é um costume-, John tem passado menos tempo em casa, filmando quase sem parar depois de ter se tornado um sucesso com um péssimo corte de cabelo em "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino.
Hollywood o chamou de volta depois de ter se revelado um sucesso nos estilosos filmes noir modernos. Trabalhou em "O Nome do Jogo", "Fênomeno" e "A Última Ameaça".
Depois de completar "Michael", estrela ainda mais dois filmes: "She's Delovely", com Sean Penn, e "Mad City", dirigido por Costa Gravas e co-estrelando Dustin Hofmann. E ele está ainda terminando de filmar "Face Off", com Nicholas Cage.
Travolta pára para considerar se sua nova posição, de estar entre os atores mais quentes de Hollywood, significa uma volta para ele.
"Para ser honesto, eu nunca me senti infeliz ou cínico com o fato de que eu não trabalhei muito nos últimos anos, porque estive muito ocupado abandonando minha carreira", diz.
"Eu fazia um filme ou dois e então parava por um ano ou dois. Pegava um jato e aprendia a pilotá-lo. Ia a Paris por um tempo, a um safári na África. Estava ocupado vivendo. Eu era jovem e queria experimentar as coisas. Não posso culpar as pessoas pelo lapso de consciência de minha carreira", diz.
"O que importou para mim é que eu era honesto com meus propósitos", ele continua. "Fazer um filme só porque outra pessoa queria não era tão importante quanto o sonho de voar em um jato."
O filho
Família Agora, enquanto Travolta está ocupado encarando o tempo perdido, está determinado a não deixar sua carreira roubar o compromisso de ser o pai de Jett, seu filho com a atriz Kelly Preston, com quem está casado há quatro anos.
"Nos primeiros dois anos da vida de Jett eu passei todos os dias, o dia inteiro, com ele", diz.
"Ultimamente tenho sido um pai mais regular. Vou para casa e passo três horas com ele todas as noites. Algumas vezes ele vai para o set e passamos juntos o fim-de-semana. Não estou com ele da mesma maneira que estava antes de 'Pulp Fiction', mas acho que é OK. Ele não precisa de mim em todos os momentos de sua vida."
A mulher
John Travolta claramente se orgulha do retorno de sua mulher ao cinema em "Jerry Maguire", em que ela interpreta a namorada de Tom Cruise. Mas confessa que tem um grande problema com o filme.
"Eu sei que Kelly tem uma cena de amor muito explícita com Tom logo no início do filme", conta.
"Eu acho que eu não vou assistir aos primeiros cinco minutos de 'Jerry Maguire'. Sei que ela está apenas atuando e Tom é meu amigo, mas é muito difícil ver sua mulher numa cena como aquela. Quando vi o script, pensei: 'Oh, Deus! Você tem mesmo que fazer isso?'. Mas eu estou muito orgulhoso do trabalho dela".

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