São Paulo, quarta-feira, 8 de janeiro de 1997
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Reeleição como bola de neve

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O cálculo do comando governista, a respeito da reeleição, parece fazer todo o sentido. É o seguinte: uma vez aprovada na comissão especial, a reeleição vira bola de neve.
Será criado um ambiente tal de "já ganhou" que "deputado algum, que não seja de fato de oposição, vai querer votar contra um governo que terá pela frente seis anos de mandato", conforme avaliação obtida pela Folha junto ao comando governista.
Parece lógico. O Congresso, com as exceções de praxe, move-se muito de acordo com as conveniências pessoais de cada um de seus integrantes. E a conveniência da maioria deles não é estar na oposição, a não ser que pertença ao PT, ao PDT e aos partidos menores de esquerda ou seja ultramalufista.
Se essa avaliação estiver correta, a votação na comissão especial fica mais importante do que de fato é. Em circunstâncias normais, não define nada porque são apenas 30 integrantes, escolhidos a dedo, no caso dos partidos governistas, para uma Câmara de 513 deputados.
Mas o ambiente político a ser criado por um resultado favorável ao governo tende a contaminar o plenário.
A questão, pois, é saber o que vai acontecer na comissão. Primeiro, um dado digamos histórico: foram raros os momentos em que se cumpriram rigorosamente os cronogramas de votação no Congresso, acertados previamente pelos seus comandantes e pelo Executivo.
Nada garante que será diferente agora. Um adiamento teria certo sabor de derrota para o governo e, mais ainda, para o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), que quer dar de presente para FHC a emenda votada na Casa.
De todo modo, se a comissão votar a favor da reeleição, desaparece a hipótese de derrota ou vitória no plenário. Fica só vitória ou adiamento. Ou seja, o governo só permitirá a votação no plenário quando tiver certeza de que a emenda será aprovada.

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