São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 1997
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Maluf afirma ter o telefone grampeado

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) acusou ontem o Ministério das Comunicações de ter "grampeado" seus telefones. Maluf não apresentou provas da acusação.
"É evidente que meu telefone está grampeado pelo Ministério das Comunicações", afirmou Maluf ontem de manhã. O ex-prefeito aproveitou a acusação para ironizar o governo federal.
"O problema, para eles, é que eu trabalho muito, e eles são preguiçosos. Precisam de oito a dez pessoas para decupar e mais 30 para entender", disse Maluf sobre o "grampo" que insistiu existir em sua casa.
O Ministério das Comunicações não se pronunciou sobre a acusação. A Telesp, em nota divulgada ontem, informou que fez "rigorosa inspeção" em seis linhas telefônicas do ex-prefeito não encontrando nada de irregular ou anormal. Por isso, a empresa classificou como improcedente a afirmação do pepebista.
Maluf comentou o levantamento da Folha, publicado na edição de ontem, que aponta a necessidade de o governo obter mais 108 votos para garantir a aprovação da emenda na reeleição.
"Ou o governo desmente a Folha e o Paulo Maluf ou a Folha e o Paulo Maluf desmentem o governo", afirmou ao argumentar que o resultado do levantamento coincide com seu cálculo.
Para o ex-prefeito, o governo está blefando ao apostar que já tem garantida a aprovação da emenda. "Conheço bem a Câmara. Se o governo pensa que ela é um balcão de negócios, se engana", declarou.
Para frisar que os governistas estariam blefando, repetiu a aposta sobre um possível adiamento da votação.
"A emenda não vai ser votada em janeiro porque o governo sabe que não tem voto suficiente para aprová-la", acha.
'Balcão de negócios'
Maluf aumentou o tom das denúncias contra o governo federal, ao mesmo tempo em que os adeptos de Fernando Henrique Cardoso apertam o cerco em busca de votos na bancada do PPB.
"O Palácio do Planalto é hoje o maior corruptor do país", disse. "O palácio virou um balcão de negócios", acrescentou. Chegou a comparar o palácio a ruas comerciais de São Paulo e Rio.
"Aético" e "amoral" foram palavras usadas por Maluf para definir o comportamento do governo na luta para conseguir a reeleição.
O ex-prefeito admitiu pela primeira vez, porém, que haverá defecção na bancada de seu partido. Calculou que 11 deputados pepebistas votarão pela reeleição.

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