São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 1997
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PAS fecha núcleo de operação no maxilar

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

A desativação do núcleo de tratamento buco-maxilo-facial do hospital Professor Waldomiro de Paula, do Plano de Atendimento à Saúde (PAS), comprometeu a prestação de serviço nessa especialidade na região leste de São Paulo.
No começo de dezembro passado, o hospital, no bairro de Itaquera (módulo 5 do PAS), colocou em disponibilidade um grupo de seis cirurgiões-dentistas especialistas em atendimento de emergência e cirurgias na boca, maxilar e face. Sem receber por um mês, eles pediram desligamento da Cooperpas 5, ato que foi publicado anteontem no "Diário Oficial do Município".
A Folha ouviu uma funcionária do hospital de Itaquera, que não quis ter o nome publicado. Ela revelou que os casos -de oito a dez por semana- de cirurgia buco-maxilar são enviados à unidade do PAS em Ermelino Matarazzo (zona leste de SP).
Segundo ela, a unidade, que deveria realizar as cirurgias, apenas faz uma avaliação do paciente e o remete de volta ao módulo 5.
"Cirurgia de fratura na mandíbula eles não aceitam. Só fazem a avaliação", afirmou ela.
A funcionária disse que os hospitais Casa de Saúde Santa Marcelina e Nossa Senhora do Pari (região leste), que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), acabam aceitando os pacientes negados em Ermelino Matarazzo.
A Folha também ouviu uma técnica de enfermagem do Santa Marcelina e ela afirmou que o hospital tem atendido pacientes vindos de Itaquera.
O diretor-clínico do Professor Waldomiro de Paula, Sérgio Mustafá, declarou que desativou o serviço porque "não se enquadrava ao perfil do hospital".
Para ele, o módulo "não atende serviços terciários (cirurgias complexas), mas só os casos mais básicos, que são os mais comuns".
Quanto à falta de atendimento no hospital de Ermelino Matarazzo, Mustafá disse não conhecer o problema. "Acho pouco provável que isso esteja acontecendo", afirmou.
Um dos dentistas afastados, Francisco Antônio Cesaroni, disse que o núcleo fazia, em média, de 650 a 700 atendimentos por mês, "desde uma dor de dente até um trauma na face".
"Disseram que o nosso atendimento era terciário. Não é verdade, fazíamos obturações, que é primário, prestávamos socorro em acidentes, que é secundário, e as cirurgias, terciário", disse
"E, só porque é terciário, o pobre não precisa?", completou.
A Folha tentou entrar em contato com a diretoria do hospital de Ermelino Matarazzo, mas não localizou nenhum diretor. Segundo a assessoria de imprensa do PAS, o atendimento no módulo é normal.

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