São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 1997
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'Baal' entra em cartaz no Oficina

PEDRO CIRNE ALBUQUERQUE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Baal, o deus fenício que deixa um rastro de prazer e destruição por onde passa, está de volta a São Paulo em montagem do diretor Marcelo Fonseca.
"Baal - o Mito da Carne", do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, que estreou sob direção de Fonseca em janeiro passado, no teatro Projeto Equilíbrio, retorna agora para uma temporada no teatro Oficina, onde fica até o final de fevereiro.
Em sua adaptação do mito de Baal para o teatro, Brecht o transformou em um homem que perambula com seu amigo-amante, Ekart, em um mundo devastado pela guerra.
Eles caminham procurando responder às suas necessidades básicas na hora em que tiverem vontade de fazê-las.
Por "necessidades básicas" de Baal e Ekart, deve entender-se comer, transar e beber.
"Eles são tudo o que o mundo burguês quer manter oculto. São sujos, inteligentes, sensuais, artistas e poetas", diz Fonseca.
Duas frases e um personagem
O diretor diz que duas frases podem definir o personagem. Uma é dita pelo próprio Baal durante a peça: "Ninguém vai encontrar ninguém".
"Isso quer dizer que, por mais que duas pessoas se conheçam, e até se amem, alguma coisa vai impedir a fusão. Dois corações jamais se encontram, jamais conseguem bater na mesma batida", explica.
Outro aspecto que, para o diretor, é importante no personagem é que, se existe deus existe ou não, se existe uma sociedade à sua volta ou não, isso não lhe faz a menor diferença.
A outra frase, dita no final da peça, sintetiza bem isso: "Só uma coisa realmente irrita Baal: a falta de vinho."
Poesia brasileira
Na montagem de Fonseca, são lidos textos de dois poetas brasileiros: Gregório de Matos e Bernardo Guimarães.
Apesar do que pode parecer, o diretor nega que isto seja uma forma de "abrasileirar" o texto de Brecht.
"Eu sou brasileiro, nosso teatro é brasileiro, mas esses textos entraram porque se encaixaram perfeitamente com o texto."
(PCA)

Peça: Baal - o Mito da Carne
Texto: Bertolt Brecht
Adaptação: Zeno Wilde e Marcelo Fonseca
Direção: Marcelo Fonseca Com: Élcio Nogueira, Carolina Gonzalez, Marcelo Fonseca e outros Onde: teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, tel. 606-2818) Quando: sex e sáb, 21h, dom, 20h
Quanto: R$ 20

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