São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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'É a rua que nos quer hoje', diz FHC sobre a reeleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem diante dos dirigentes e de militantes do PSDB que não teme "os arreganhos de A ou de B ou de C" contrários à reeleição. "É a rua que nos quer hoje!", disse ele, em referência a uma possível consulta popular (plebiscito) sobre o tema.
Para o presidente, o momento de decidir sobre a possibilidade de sua reeleição é agora.
"Nós vamos marchar para decidir essa questão, no corpo-a-corpo no Congresso, mas sobretudo na rua, com a força das ruas (...). A tese que nós levantamos é a tese que tem eco na população, e o Congresso sabe disso", afirmou.
Num discurso inflamado, FHC foi interrompido por aplausos dezenas de vezes. Usando uma gravata vermelha com pequenos tucanos dourados, o presidente evitou, depois da solenidade, posar para fotos com uma camiseta escrita "Eu quero reeleição", que estava sobre sua mesa. "Reeleição, só fora do meu gabinete", afirmou.
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PSDB CEDE MAIS - "O PSDB tem sido o partido que teve de ceder mais. Cedeu muitas vezes em situação quase de injustiça diante da desproporção do peso político para que nós pudéssemos manter a governabilidade. Eu sou reconhecido ao PSDB."
ALIADOS - "Nós nunca desconsideramos um partido que está conosco. Tampouco os que estão contra nós -na condição de que estejam claramente, como os que estão. Esses são adversários. Mas nunca desconsideramos os aliados. Nós precisamos deles. Continuamos a precisar deles. Queremos a presença deles. Queremos até ampliar a presença daqueles que nos poderão ajudar a caminhar, cada vez mais."
DIREITO DE ESCOLHA - "Sabemos que ninguém é insubstituível. A questão da reeleição não se coloca nos termos da insubstitubilidade do presidente. Coloca-se de outras maneiras. Coloca-se pelas razões aqui apontadas, porque é um direito de escolha."
CONGRESSO - "Eu sou muito respeitador do Congresso Nacional. E, para que possa assumir essa responsabilidade, precisa sentir, em sintonia com o povo, que o momento é agora. O país todo sabe que essa questão tem que ser decidida."
RESPEITO AO PMDB - "Não se votou (a reeleição) ano passado foi em respeito ao PMDB, que tinha uma proibição convencional. Não foi por qualquer manobra menor, para fazer coincidir com eleições disso ou daquilo e para que avançasse numa porção de poder congressual. Mas já havia algum tempo a tese estava madura."
A VOZ DAS RUAS - "E, como eu não consegui fazer avançar mais as reformas, eu formei a convicção de que há de se decidir essa questão e o momento é agora. Nós vamos marchar para decidir essa questão. No corpo-a-corpo no Congresso, mas sobretudo na rua, com a força das ruas. (...) Nós (o PSDB) formamos um partido mais próximo do clamor das ruas (...). É a rua que nos quer hoje! A tese que nós levantamos é a tese que tem eco na população. E o Congresso sabe disso."
ARREGANHO - "Eu não temo os arreganhos de A ou de B ou de C. Porque o arreganho de qualquer brasileiro que tenha posições de comando -inclusive o presidente- tem menos força que a voz rouca das ruas. Rouca, porque fala. Não é mais muda, não é a maioria silenciosa. Hoje, são as vozes roucas porque falam o tempo todo para dizer o que querem. E, como não são sempre ouvidas, têm que falar mais, mais e mais. Mas nós estamos ouvindo as vozes das ruas. E nós vamos avançar!"

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