São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Jader, votação não será em janeiro

CLÓVIS ROSSI
DA REDAÇÃO

Vinte e quatro horas depois do ultimato do presidente Fernando Henrique Cardoso, o líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), afirma:
"Não haverá recuo e, mais, não haverá votação no mês de janeiro".
Pode ser mera bravata do líder peemedebista, mas é inegável que ela está amparada na generalizada sensação de que o imbróglio em torno da reeleição ficou imensamente maior depois da convenção peemedebista e da reação do presidente.
Mesmo parlamentares governistas, francamente favoráveis à reeleição, criticam em voz baixa a atitude do presidente.
Os não-governistas são mais duros ainda. Jader Barbalho não escondeu o desagrado ao próprio presidente.
Disse a FHC que o PMDB não era um partido simples, por ser uma grande frente, da qual, aliás, o próprio presidente fora "um guru".
E ironizou: "Não é como certos partidos em que um líder não aparece para um jantar e o jantar não vale".
É uma alusão ao jantar de líderes do PFL em que se vetou a adesão ao partido do senador Gilberto Miranda (então no PMDB-AM) e que o senador Antonio Carlos Magalhães considerou como não-realizado, porque ele não fora.
Ontem, Jader ainda exibia a mágoa com o episódio da véspera.
"O presidente cometeu um tremendo equívoco que não faz justiça a sua biografia", disse à Folha.
O líder peemedebista diz também que, se não fosse por sua posição no partido, teria se levantado e abandonado imediatamente a reunião, após a leitura da nota em que FHC cobrou uma definição dos presentes.
Minando Temer
O episódio acabou por minar Michel Temer, o líder do partido na Câmara e candidato à presidência da Casa.
Jader acha que, dependendo dos desdobramentos, "o Michel corre o sério risco de não chegar à presidência da Câmara e de ficar sem autoridade para continuar na liderança do PMDB".
O governistas, talvez antecipando o risco, correram em socorro de Temer.
Primeiro, PSDB e PFL reafirmaram o compromisso "incondicional", segundo Benito Gama, de apoiar a sua candidatura na Câmara.
Depois, confiando em que, como Temer está prometendo, os seis votos do PMDB na comissão especial que examina a reeleição serão dados hoje -e em favor do governo.
Por fim, "reconquistando terrenos na negociação com o PMDB hora a hora", no dizer de José Aníbal (SP), líder do PSDB na Câmara.
Mas, ainda ontem, FHC não escondeu do pessoal do PSDB que continua magoado com o PMDB.

Texto Anterior: 'É a rua que nos quer hoje', diz FHC sobre a reeleição
Próximo Texto: FHC engolirá 'sapo', diz Maluf
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.