São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chefe de fiscalização é detido após flagrante de corrupção

Fiscal se recusa a prestar depoimento; ação usou gravador

DA FT

O chefe de fiscalização da Administração Regional de São Miguel Paulista (zona leste), Luiz Miranda da Silva, 59, foi preso ontem em flagrante, acusado de cobrar propina do sargento da PM Jaime Rodrigues de Aguiar Júnior, 25.
Aguiar é dono de uma barraca de cachorro-quente. Na sexta-feira passada, diz ter procurado o fiscal para regularizar a situação de sua barraca, que funciona há seis meses sem licença da prefeitura.
"O Miranda me perguntou se ainda vendia caldo-de-cana. Disse a ele que havia vendido o negócio e ele pediu uma participação."
O sargento disse ao fiscal que já havia gasto todo o dinheiro ganho na venda da barraca de caldo-de-cana. "Ele pediu então R$ 100 para eu continuar a trabalhar no local com o cachorro-quente. Eu marquei o pagamento para outro dia."
Aguiar procurou a 1ª Delegacia de Crimes Funcionais do Decon (Departamento de Polícia do Consumidor) e foi armado o flagrante.
Ontem, no local marcado, a lanchonete Chaparral, Aguiar se encontrou com o fiscal para dar a propina. O sargento estava com microfones escondidos para gravar a conversa e havia mais cinco policias na cobertura.
"Ele me disse que ganhava pouco e precisava do dinheiro", afirma o PM.
Como combinado com os policiais, Aguiar tirou o boné em sinal de que Miranda já havia recebido o dinheiro. Então os policiais deram voz de prisão ao fiscal.
Dois fiscais da prefeitura, que tomavam café na lanchonete, serviram de testemunha.
Segundo o sargento, Miranda começou a trabalhar na fiscalização dos camelôs há cerca de duas semanas. "Já havia conversado com os outros fiscais. Eles disseram que, se não estivesse atrapalhando o público na calçada, poderia ficar com a barraca. Mas de qualquer forma deveria falar com o Miranda", diz Aguiar.
Miranda se recusou a depor e disse só vai falar em juízo. Ele seria levado para o 2º DP (Bom Retiro) e indiciado por crime de corrupção passiva, que é inafiançável.
Dalci Pereira Meira, assessor do administrador da regional de São Miguel, foi ontem ao Decon. Segundo ele, será aberta sindicância na regional para apurar se houve corrupção. Se a propina for confirmada, Miranda será demitido.

Texto Anterior: Contenção de gastos na saúde
Próximo Texto: IPTU de 92 dá à prefeitura R$ 580 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.