São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Governo culpa as seguradoras pelo atraso

DANI BLASCHKAUER
DA REPORTAGEM LOCAL

O coordenador de Administração Tributária da Secretaria Estadual da Fazenda, Clóvis Panzarini, responsabilizou a Fenaseg (Federação das Seguradoras) pelo atraso na distribuição das guias de IPVA.
A Fenaseg e o governo do Estado fecharam um convênio, com duração de cinco anos, para a estruturação do pagamento do IPVA.
A federação ficou responsável pela contratação da gráfica que imprimiu as guias e pela postagem do material, o que teria significado economia de R$ 4 milhões.
Em troca, foram enviados boletos de pagamento de seguro obrigatório junto às guias de IPVA.
A idéia era estimular o pagamento do seguro obrigatório (o contribuinte não é obrigado a pagar o seguro no momento em que quitar o IPVA).
Cronograma atrasado
O atrito entre o governo e a Fenaseg começou em 96 e se piorou nos últimos dias por causa do atraso.
O cronograma combinado com a Secretaria da Fazenda, afirma Panzarini, começou a atrasar ainda no final do ano passado.
Primeiro, diz Panzarini, as guias estariam prontas em novembro e enviadas aos contribuintes em dezembro. Mas a gráfica da associação dos bancos estaduais, contratada pela Fenaseg, não entregou as guias no prazo determinado.
Até a semana passada muitos proprietários de veículos não haviam recebido as guias.
Panzarini diz também que vários parceiros "abandonaram" a secretaria. Caso de postos de gasolina e concessionárias, por exemplo, que haviam se comprometido a instalar postos de preenchimento gratuito de guias, mas não o fizeram.
"Metade do pessoal está na fila porque não recebeu a guia há mais tempo", afirma Panzarini.
Segundo ele, a Secretaria da Fazenda estuda a possibilidade de romper o convênio com a Fenaseg.
No convênio existe uma cláusula que permite às partes romper o acordo até 180 dias antes do início da distribuição das guias.
A Folha procurou a diretoria da Fenaseg para comentar o assunto. Até o fechamento desta edição, nenhum representante da entidade telefonou de volta para o jornal.
Filas
Nem aposentados nem mulheres grávidas escaparam da fila quilométrica que se formou ontem no posto do Detran localizado no shopping Ibirapuera.
Para tentar se adiantar na fila, muitas pessoas chegaram até duas horas antes da abertura do posto, mas, mesmo assim, tiveram de esperar mais de cinco horas.
"Cheguei antes para não pegar fila, mas não deu". As pessoas que pegaram senha ontem tinham prioridade", afirmou a aposentada Marina Chaib, 69, que chegou às 10h e, até as 15h, ainda não havia sido atendida.
Para piorar a situação, as pessoas ficaram esperando pelo atendimento dentro do estacionamento do shopping.
"O monóxido de carbono e o barulho da buzina e dos motores irritaram ainda mais", afirmou o professor Sérgio Tavares, que também esperou cinco horas.
Já Valéria da Silva Nunes, grávida de nove meses, teve que lutar pelo seu direito.
"Fui até a administração do shopping reclamar que não poderia ficar na fila", falou.
Ela só conseguiu furar a fila porque chegou com o chefe de segurança do shopping. Mesmo assim, esperou 25 minutos em pé. Seu carro tem placa final 2.
O metalúrgico Adílson Tonele, após ficar cinco horas e meia na fila, lamentou: "Vou ter de faltar hoje ao trabalho. Espero que o chefe entenda."

Colaborou Dani Blaschkauer, da FT

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