São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Afinal, o que quer o PMDB?

FERNANDO RODRIGUES
BRASÍLIA _ A RESPOSTA É SIMPLES. O PMDB QUER PODER.

Dono da maior bancada na Câmara e da segunda maior no Senado, esse partido, moribundo e gigante ao mesmo tempo, entrou numa forte disputa para garantir um projeto de poder para os próximos seis anos.
"Estamos negociando seis anos de poder", resume o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), um dos revoltosos da hora. A frase é boa.
Os peemedebistas enxergam no momento atual uma oportunidade de ouro. Querem se garantir onde estão durante os dois anos finais do mandato de FHC. E, quem sabe, por outros quatro anos num eventual segundo governo tucano.
Profissionais da negociação, para usar um eufemismo, esses peemedebistas que hoje estão encalacrando a votação da reeleição sabem que é necessário negociar tudo já.
Se deixarem para depois, raciocinam, poderão ser chutados por tucanos delicados como o ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Assim é a política. O PMDB não é um partido forte como agremiação. Vale pelo valor de face de seus caciques. Só se unem na hora de garantir um futuro melhor para todos. Essa é a estratégia dos últimos dias.
Engana-se, porém, quem avalia que o partido está crescendo em independência por ensaiar uma rebelião contra o governo FHC. Não é nada disso.
Também é verdade que tudo pode dar errado e o presidente da República se veja obrigado a cumprir a palavra de cortar cargos e benefícios dos peemedebistas pseudo-revoltosos.
Mas ninguém deseja isso. FHC não quer romper. Nem os peemedebistas. Todo mundo quer é se arranjar. E manter as aparências, dizendo que houve uma negociação política para o bem do Brasil. No momento, arquiteta-se essa saída "honrosa".
É a perfeita crônica de uma armação anunciada. FHC quer ficar com a reeleição e o PMDB governista deseja manter as suas sinecuras.

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