São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Versões para todos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário de massacres anteriores, foi noticiarem a tragédia para os protagonistas aparecerem.
O governador do Pará surgiu logo na CBN com a sua versão, que buscou tirar qualquer responsabilidade estadual, com referências à federal, pela miséria etc.
Também o proprietário da fazenda e contratador dos "seguranças", que havia sido descrito como "não encontrado" pela Globo, tratou de aparecer para dar sua versão na mesma Globo. Ele avisou a secretaria de Segurança e os sem-terra mortos estariam armados etc.
Também o prefeito da cidade deu as caras, ou a voz, para falar que a região é um "barril de pólvora", que já havia avisado Brasília etc.
No choque de versões, expressas com as vozes mais cândidas, faltaram os sem-terra, não muito entendidos, ainda, dos caminhos da comunicação. Um padre aqui, um líder do sul ali, foi o melhor que fizeram.
Fora, claro, os mortos. Do Jornal Bandeirantes:
- Autópsia revela que cada um dos posseiros mortos no Pará recebeu 15 tiros a meio metro de distância.
*
Acompanhar a cobertura de televisão, sobre o tema do plebiscito, é ver com nitidez enojadora como a instituição pouco importa, depende da circunstância, que muda ao ritmo de dias ou horas.
Assim, os governistas abriram a quarta-feira favoráveis ao plebiscito. Logo mudaram e à tarde noticiou-se que o plebiscito havia sido derrotado em comissão.
A oposição, que dias atrás defendia o plebiscito e depois mudou, com a derrota governista na convenção do PMDB, ontem mudou de volta. Maluf, na Bandeirantes:
- No mínimo, o plebiscito é decente...
Mas grupos governistas, já voltavam a falar em favor do plebiscito, o que talvez mude tudo, hoje.

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