São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Adiamento é palhaçada, diz Glória Perez

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A possibilidade de o julgamento dos acusados pela morte da atriz Daniella Perez ser novamente adiado deixou indignada a novelista Glória Perez, mãe da atriz. Para ela, o adiamento é "um escândalo, uma palhaçada".
Glória Perez disse ontem à Folha que não restarão dúvidas sobre a culpa dos réus Guilherme de Pádua e Paula Thomaz caso o júri -marcado para a próxima quarta-feira, dia 22-, venha a ser adiado por fatos criados pelas defesas.
"Quem é inocente quer ser julgado logo. Não fica criando motivo para adiar julgamento. Adiar é dar atestado de culpabilidade", afirmou a mãe de Daniella.
No fórum do Rio, cresce entre advogados e funcionários a suspeita de que, mais uma vez, o julgamento será adiado.
Duas possibilidades são comentadas: um dos advogados de defesa falta ao julgamento, motivando o cancelamento pelo juiz José Geraldo Antônio, ou uma das testemunhas de defesa não comparece, proporcionando o pedido de adiamento pelos advogados dos réus.
O advogado de Pádua, Paulo Ramalho, já avisou no fórum que não aparecerá no julgamento caso artistas de televisão se engajem em campanhas pró condenação.
Glória Perez criticou a intenção de Ramalho. Segundo ela, o advogado "está sentando em cima da dor de uma família".
"A sociedade civil se mobiliza se quiser. A sociedade civil se manifestar não é aberração. E não são artistas da Globo. São amigos da Dani", disse a novelista.
Hoje começa em frente ao centro do Rio a campanha pela condenação dos acusados. Militantes de ONGs (organizações não-governamentais) distribuirão panfletos pedindo o fim da impunidade.
A coordenadora da ONG Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, Cristina Leonardo, anunciou a presença na manifestação dos artistas Cristiana Oliveira, Guilherme Karam, Paulo César Grande, Cláudia Mauro e Cláudia Abreu.
Daniella Perez foi morta em 28 de dezembro de 1992. Tinha 23 anos. Guilherme de Pádua, seu colega de elenco na novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, confessou o crime no dia seguinte. A novela era escrita por Glória Perez.
A então mulher de Pádua, Paula Thomaz, foi presa dias depois, acusada de participação no assassinato. O julgamento dos réus deveria ter sido realizado em agosto do ano passado, mas acabou adiado a pedido das defesas.
A defesa de Paula anexou ao processo laudo em que o diretor do IML (Instituto Médico-Legal), Abrão Lincoln de Oliveira, afirma que Daniella foi agredida com um soco na face direita pouco antes de ser morta. O documento favorece a acusação, segundo a promotoria.

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