São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Campinas atrasa cheques de programa de renda mínima

VANDERLEI FRANÇA
JOÃO PAULO SOARES

VANDERLEI FRANÇA; JOÃO PAULO SOARES
DA FOLHA CAMPINAS

Projeto lançado em 94 complementa orçamento de famílias pobres

A Prefeitura de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo) atrasou em 15 dias cerca de 3.000 cheques que seriam destinados ao Programa de Renda Mínima, segundo apurou a Folha ontem.
Questionado sobre os motivos do atraso, o prefeito Francisco Amaral (PPB) disse, às 17h30 de ontem, que não sabia do problema, mas acreditava que pudesse ter sido motivado pela situação financeira da prefeitura.
Quarenta minutos depois da entrevista da Folha com Amaral, o secretário de Governo, José de Vasconcelos Cunha, informou, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, que os cheques foram liberados e começam a ser pagos hoje.
Primeira vez
Desde que o programa foi criado, em 1994, essa é primeira vez que acontece o atraso.
O programa, implantado pelo prefeito José Roberto Magalhães Teixeira (PSDB), morto em 29 de fevereiro de 95, é reconhecido internacionalmente e visa atender famílias que têm renda muito baixa.
O programa complementa a renda das famílias que ganham menos de R$ 35,00 como renda per capita. Amaral afirmou ontem que o programa será mantido.
O secretário municipal da Família, Criança, Adolescente e Ação Social, João Batista Martins de Sá Júnior, afirmou que o atraso aconteceu por causa de "problemas técnicos."
Já o secretário de Governo alegou "entraves burocráticos".
Prejudicial
O atraso prejudicou pelo menos 3.000 famílias que recebem complementação de renda da prefeitura.
"Nos dois dias em que fui pegar meu cheque encontrei pessoas que diziam que estavam sem gás para fazer comida para os filhos. Isso é um absurdo", afirmou Edna Vaz da Cruz, inscrita no programa há seis meses.
Ela é uma das pessoas que está há 15 dias sem receber um cheque de R$ 75,00 do programa. "Se não estivesse limpando algumas casas para ganhar dinheiro, estaria perdida."

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