São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Doença de Ieltsin é séria, afirma médico

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os médicos que cuidam do presidente da Rússia, Boris Ieltsin, disseram ontem que seu estado de saúde é bastante preocupante e pode se complicar.
Segundo Serguei Mironov, chefe médico do Kremlin (sede do governo russo), "é uma doença bastante séria, que traz com ela um grande número de possíveis complicações".
Mironov disse que o presidente deve permanecer internado ao menos até o fim de semana. Na última sexta, Mironov havia afirmado que Ieltsin deixaria o hospital no início desta semana.
Ieltsin, 65, foi internado no último dia 8 por causa de uma pneumonia dupla (que atinge os dois pulmões). Os médicos que tratam do presidente disseram que a doença não tem relação com a cirurgia cardíaca a que ele se submeteu no dia 5 de novembro do ano passado quando recebeu cinco pontes de safena. O presidente russo reassumiu suas funções apenas em 23 de dezembro.
Impeachment
O Departamento Jurídico da Duma (câmara dos deputados) disse ontem que é impossível destituir Ieltsin da Presidência tendo como fundamento seu estado de saúde.
Mas o deputado comunista Viktor Iliukhin, que requereu a destituição de Ieltsin, disse que vai pressionar para que a Duma vote a matéria na sexta.
O Departamento Jurídico, que não tem poder de veto, sugeriu que, em vez de votar a moção de Iliukhin, os deputados devem realizar uma reforma constitucional para simplificar os confusos dispositivos constitucionais que tratam do impeachment.
A Constituição determina apenas que o presidente "pare de exercer suas funções" se seu estado de saúde for muito frágil para que ele continue no cargo.
A lei não especifica quem deve decidir a respeito da compatibilidade do estado de saúde do presidente com seu cargo.
Guennadi Ziuganov, líder do Partido Comunista, disse que seu partido decidiria hoje se apóia ou não a iniciativa de Iliukhin.
"O presidente trabalhou apenas quatro meses no ano passado -apenas durante a campanha eleitoral", afirmou Ziuganov.
Lebed
O ex-secretário do Conselho de Segurança, demitido por Ieltsin sob a acusação de insubordinação, Alexander Lebed acusou ontem o regime russo de autoritário.
Lebed, que visita a Alemanha, voltou a pedir a demissão do atual presidente e prognosticou que a "Rússia não conseguirá converter-se num regime democrático nos próximos anos".
Segundo ele, é preciso mudar a mentalidade do povo, o que duraria de uma a duas gerações.

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