São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997 |
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Rádio oficial 'salva' deputados
MAURICIO STYCER
Nesse horário, quando é aberta a sessão, os primeiros deputados inscritos ganham um minuto, cada, para ir ao microfone. Eles usam o tempo para dizer que gostariam de fazer um pronunciamento sobre determinado tema, mas não chegam a discursar. Entregam uma cópia do discurso e pedem ao presidente da Mesa que ele "seja dado por lido". Em outras palavras, pedem que o discurso seja registrado nos anais da Câmara sem que eles precisem lê-lo. E, em seguida, pedem que o discurso seja citado na "Voz do Brasil". O presidente aceita e passa a palavra ao próximo deputado. À noite, o locutor da "Voz do Brasil" dirá que, durante a sessão, o deputado fulano de tal fez determinado pronunciamento. Na verdade, não fez -porque o pronunciamento foi dado por lido-, mas o nome do deputado será ouvido no programa. "É o único canal em que eu apareço", diz o deputado Olávio Rocha (PSDB-PA). "Todo dia faço um discurso aqui. Uma vez por semana, falo cinco minutos. Nos outros dias, dou por lido. Tenho 17 livros escritos só com discursos meus", conta o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE). Os livros foram editados na gráfica do Congresso, com a verba de papel a que o deputado tem direito. (MSy) Texto Anterior: Ser do "baixo clero" é Próximo Texto: Limites elevam a insatisfação Índice |
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