São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Limites elevam a insatisfação

MAURICIO STYCER
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A insatisfação do baixo clero vem crescendo nos últimos anos, em consequência de algumas medidas moralizadoras que limitam o poder dos deputados.
Por causa das inúmeras denúncias de manipulação de verbas, que resultaram na CPI do Orçamento, em 93, hoje cada deputado não pode apresentar mais do que uma dezena de emendas individuais, num valor que não pode ultrapassar R$ 1,5 milhão.
Em consequência, avalia o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), um especialista em orçamento, "o deputado do baixo clero tem mais dificuldades de demonstrar prestígio e poder junto a seus eleitores, o que dificulta a sua reeleição".
Outro problema do baixo clero, diz o deputado petista, é que o governo federal vem privilegiando crescentemente os governos estaduais e municipais na intermediação de verbas para saúde, educação, habitação e saneamento, em detrimento da intermediação que era feita pelos deputados.
Sem conseguir aprovar projetos, sem acesso às decisões (tomadas pelos líderes), sem espaço na mídia e, agora, com dificuldades para intermediar verbas, o deputado do baixo clero está em crise: "Para muitos, acabou a forma de atuação do deputado. O cara fica perdido, angustiado", diz Bernardo.
No dia-a-dia, os deputados do baixo clero reclamam do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), que só abona faltas por motivos médicos se o atestado médico do faltoso for apreciado por médicos da Casa.
(MSy)

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