São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997 |
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Estatística é aliada moderna
WANDERLEY LUXEMBURGO
Com os dados na mão, é possível fazer um raio x do jogador. Podemos analisar sua deficiências e planejar um trabalho de evolução. O importante é saber ler esses percentuais. Quando trabalhei no Palmeiras em 1994 tínhamos um contrato com o Datafolha, que nos fornecia os dados sobres os jogadores da equipe. Com base nessas informações e nas minhas observações, notei, por exemplo, que tinha que fazer treinos específicos de passes com os volantes Amaral e César Sampaio. A melhora dos dois jogadores foi gradual, acompanhada pelos números do Datafolha. Com o trabalho específico, eles chegaram a um nível de acerto satisfatório. Outro fator relevante foi quando observei o desempenho dos meias Mazinho e Zinho por intermédio dos números. Quando eles erravam, em média, só três passes por jogo, o Palmeiras obtinha um bom resultado. Em contrapartida, quando a média de erros passava de dez, a equipe não se apresentava bem. Eles serviam como referência para o time. Tenho planos de continuar usando levantamentos estatísticos, agora no Santos. Teremos um setor no clube que cuidará dessa parte. Esse é um dos passos do processo de reengenharia pelo qual a equipe está passando para a temporada de 1997. * Os números são muito importantes, é claro, mas não podem ser tomados como verdade absoluta. Nunca um jogador pode ser escalado ou tirado de uma equipe por causa da estatística. Cito o exemplo do Dário, o Dadá Maravilha. Se você analisar somente os números nunca o escalaria para jogar, pois ele era um atleta com muitas deficiências técnicas. Claro que você não poderia tirá-lo do time no auge da carreira. O Dário, porém, era um artilheiro, que resolvia as partidas. Não é à toa que ele marcou mais de mil gols. No caso do dele, os números serviriam como um parâmetro para melhorar seu desempenho. Não é possível analisar a qualidade de um jogador apenas nos números. Eles podem esconder problemas. O Tiba, por exemplo, recebe muitas bolas, segundo o levantamento do Datafolha. Mas, se não for analisado todos os números dele, alguma deficiência pode passar despercebida, pelo técnico e pelo torcedor. Para o leitor, a melhor maneira de acompanhar e entender os levantamentos estatísticos é observar a sequência dos números dos jogadores. * Os levantamentos estatísticos são usados, principalmente, nos treinamentos. Durante os jogos sua utilização é complicada devido às limitações impostas pelas regras do futebol. Não podemos permanecer o tempo todo ao lado do gramado. Normalmente temos apenas os 15 minutos do intervalo para conversar com os atletas. Só no Campeonato Paulista é que podemos utilizar mais três minutos durante o jogo para corrigirmos algumas falhas que estejam acontecendo, o que é uma evolução. No basquete, os técnicos têm mais facilidades. Eles permanecem o tempo todo em contato com os atletas, e dispõem de vários tempos técnicos. Texto Anterior: Fabinho Índice |
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