São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Sexo solitário do marido provoca ciúme

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Descobrir que o marido gosta de se masturbar sozinho pode ser um terrível golpe na auto-estima da mulher que se acha boa de cama.
Sem acesso aquele momento de prazer do parceiro (que chega a durar mais de uma hora de banheiro trancado), ela se sente excluída.
"Quando descobri que meu ex-marido andava se masturbando no banheiro, pensei: 'Meu Deus, se esse cara faz esse tipo de coisa escondido, deve até falar mal de mim"', lembra a gerente de marketing Beatriz, 38 (os nomes citados são fictícios).
Beatriz conta que, apesar do hábito solitário do ex-marido, os dois se entrosavam muito bem na cama. "Transávamos todo dia, às vezes de manhã e à noite", diz.
Por isso ela demorou a conceber que ele a "traía". "Senti vergonha, fiquei amedrontada, cheguei a pensar que ele fosse doente."
Na ocasião, Beatriz, que adorava mar, passou a ter medo de praia. "Imaginava que ele estava olhando para a bunda de todas as mulheres da redondeza", diz.
Sentir-se insegura era uma novidade na vida de Beatriz. "Nunca tive medo de outras mulheres", lembra. "Sei que sou boa de cama, mas não consigo transar com um cara que gosta de transar sozinho."
Revista masculina
O primeiro sinal (só detectado muito depois por Beatriz) de que o ex-marido gostava de se satisfazer sozinho, foi uma imensa coleção de revistas masculinas estrangeiras que ele mantinha em casa.
"Quando o visitei pela primeira vez, achei aquilo estranho, mas ele me disse que precisava das revistas para buscar referências (ele é diretor de arte)", diz. "Eu achei razoável e não pensei mais no assunto."
Só depois de mais de um ano de casada, Beatriz começou a desconfiar do ex-marido. "Achei uma revista embrulhada atrás da coluna da pia do banheiro e fiquei paranóica." (leia depoimento).
Os especialistas explicam que a "paranóia", nesses casos, pode ir longe. "É mais fácil controlar uma amante de carne e osso do que várias imaginárias", afirma a sexóloga Adriana Mazzei.
"O sujeito que tem o hábito de se masturbar, pode usar como estímulo desde a dona da farmácia até a estrela da novela das oito", diz.
Desperdício de energia
A paranóia da gerente de marketing Beatriz acabou um dia, quando ela descobriu que todas as suas suspeitas tinham fundamento (e se separou). A da dentista Tereza, 43, ainda a atormenta.
"Na verdade, não descobri nada de concreto", explica. "Apenas desconfio muito."
Tereza tem os seus motivos. "Meu marido revelou-se um típico voyeur (pessoa que sente prazer em observar outras pessoas): adora vídeos pornográficos, tem um binóculo superpotente para espiar a vizinhança e olha para todo tipo de mulher na rua."
"O que será que ele faz com todo esse material?", pergunta-se Tereza, que já tentou pedir explicações, mas recebeu cortes.
"Nossa 'cama' era perfeita, ele mesmo dizia, mas de um tempo para cá deixamos de transar regularmente", diz. "Não entendi o porquê nem ele quis me dizer."
Para a empresária Regina, 37, só há uma maneira em admitir a masturbação do companheiro.
"É quando eu estou junto", diz. "Nesse caso, eu até estimulo. Gosto de ver o cara se masturbando, especialmente quando ele se inspira no meu corpo."
Regina diz que se acha "bastante razoável" na cama. "Nunca nego fogo", explica. "Por isso não me conformo com esse desperdício de energia no banheiro."

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