São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Garotas usam Carnaval para 'acontecer'

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

As candidatas a musas do Carnaval carioca rejeitam o rótulo de "oportunistas", apesar de aproveitar a festa para expor seus dotes físicos e "cavar" bons convites.
A maioria dessas moças, no entanto, mostra ter noção da importância que o período carnavalesco pode ter em suas vidas.
"O Carnaval é a minha grande oportunidade", diz a loura Marcela Milk, 18, que busca ser escolhida pelos telespectadores para o posto de garota das vinhetas de Carnaval da TV Manchete. Ela disputa a indicação com a morena Kelly Cristina, 22, e a negra Julie Alves, 21.
Marcela é a atual Garota de Ipanema, título que conquistou após o último Carnaval. "Mas o concurso não foi muito divulgado e não me abriu as portas para nenhum trabalho", diz.
"Acabei fazendo muitos desfiles de graça em 96. Agora decidi que 97 vai ser o meu ano", afirma ela, acreditando que uma vitória no concurso da Manchete proporcionará vários convites de trabalho.
Nua
Se for escolhida, Marcela aparecerá na tela sem roupa, com pintura sobre o corpo de 1,70 m e 56 kg.
É "vestida" assim que ela desfilará como uma das três rainhas da bateria da Acadêmicos de Santa Cruz -as outras duas serão suas rivais no concurso da Manchete.
Marcela estará também no abre-alas da Acadêmicos da Rocinha e em carros alegóricos da Bei ja-Flor e da Grande Rio.
Irmã menos famosa
Outra que usa a palavra "oportunidade" é Cláudia Valenssa, 19, irmã de Valéria Valenssa.
Este ano, ela vai estrear como rainha de bateria na pequena escola Vicente de Carvalho, do Grupo 1. Além disso, sairá como destaque na Estácio de Sá e na paulistana Mocidade Alegre, além de figurar num carro alegórico da Beija-Flor.
"Há pessoas que desfilam para aparecer, mas eu quero é me divertir", diz Cláudia. "Pretendo trabalhar como modelo ou atriz, e não viver da imagem do Carnaval."
A irmã mais famosa pensa diferente. "O Carnaval significou o início de tudo na minha carreira e é tudo na minha vida agora. Eu vivo da imagem do Carnaval", diz Valéria, 25.
Aulas de samba
A bailarina Luciana Sargentelli, 26, que dá aulas de samba, diz não ver oportunismo nas meninas que tentam se destacar no Carnaval. "Para a maioria das negras e mulatas, é a única chance de se valorizar e ter acesso às pessoas importantes."
Luciana disse que está ajudando uma das candidatas a Garota do Carnaval a aperfeiçoar seu modo de sambar. "Não basta só sambar com os pés, é preciso saber sambar com todo o corpo", disse.
Ela se celebrizou em 92, quando, saindo como destaque num carro alegórico da Estácio, terminou o desfile com os pés sangrando. "Para mim, o Carnaval ajudou, sim. Mas, se eu não sambasse mesmo, até sangrar, não ficaria conhecida. As oportunistas não sobrevivem. É preciso ter talento."

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