São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Oposição faz críticas a visão empresarial

DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A visão empresarial -nos moldes da Qualidade Total-, aplicada a uma rede pública de ensino, é que tem gerado as principais críticas à reforma mineira.
"Eles estão tratando com seriedade a questão gerencial. Mas o problema da educação não é gerencial. Não é dando dinheiro e autonomia para a escola trocar a torneira ou a telha que se vai melhorar a qualidade de ensino", afirma Miguel Arroyo, secretário-adjunto da Educação Municipal de Belo Horizonte (PT).
A própria autonomia -tão prezada no discurso do governo- é questionada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais, o Sind-UTE.
"Que autonomia é essa onde, no final do ano, o governo baixa uma resolução proibindo os professores de reprovar alunos de CBA (1ª e 2ª série do 1º grau)?", pergunta a diretora estadual do Sind-UTE, Lecioni Pereira Pinto.
O governo contrapõe que as escolas podem definir seus próprios projetos pedagógicos. "Onde há diversidade de projeto pedagógico é porque há resistência da comunidade", contrapõe a diretora do Sind-UTE.
Todos os problemas
O fato é que, apesar da reforma, a rede de 3,1 milhões de alunos ainda reúne todos os problemas da educação pública brasileira: professores malformados, carência de vagas em determinadas regiões e a velha cultura da repetência.
Mas isso apenas reafirma uma das máximas da área: as mudanças no ensino levam tempo -15 a 20 anos é o prazo estimado para consolidar uma reforma.
"Com certeza mudou alguma coisa. Nas escolas onde há comunidade organizada está tendo uma disputa entre projetos", diz a diretora do Sind-UTE.
Além disso, a reforma conseguiu envolver e conscientizar setores até agora apenas superficialmente engajados na melhoria do ensino público, como o empresariado.
"Nossa missão é disseminar a indignação pelo fracasso escolar e o encantamento com o poder que temos de participar do processo de solução", afirma Demostenes Romano, secretário-executivo do Pacto de Minas pela Educação, entidade civil que promove debates para mobilizar a sociedade.

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