São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Fiscalização maior fez peruas aparecerem

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
ESPECIAL PARA A FOLHA

As peruas de lotação começaram a aparecer com mais intensidade no ano passado, coincidindo com a campanha eleitoral, quando o sindicato das empresas de ônibus afirma que a fiscalização arrefeceu, e com o aumento do desemprego. Os perueiros apoiaram Celso Pitta.
Peruas de lotação existem há muito tempo em São Paulo, em especial na zona leste da cidade. Sempre foram uma alternativa entre o táxi, inacessível para boa parte da população, e os ônibus, que operam com problemas.
O maior desses problemas é a lentidão. Hoje, a média de velocidade dos ônibus é de 14 km/hora. No início da década de 70, era de 25 km/hora, um número que a Secretaria Municipal dos Transportes tem como meta para a gestão do novo prefeito.
"É inegável que as peruas são mais rápidas", diz Brandão, diretor do DTP. "Mas o problema é que elas não cumprem itinerário nem tabela de horários, e essa é uma das exigências que passaremos a fazer para legalizar o serviço."
A proliferação das peruas de lotação ocorreu, também, por uma falha do sistema de ônibus. Em várias regiões da cidade, especialmente nas zonas leste e sul, há bairros praticamente esquecidos pelas linhas de ônibus.
Sair desses lugares e chegar a pontos de maior movimento, com ônibus à vontade, como é o caso do largo 13 de Maio, em Santo Amaro, ficou mais fácil com as peruas.
"Nós vamos aonde os ônibus não querem ir", diz Laércio Ezequiel dos Santos, presidente da Ata-Sul, a associação dos perueiros clandestinos da zona sul da cidade. "E vamos porque tem passageiro lá."
As empresas de ônibus reclamam das peruas clandestinas porque dizem que elas fazem concorrência com as linhas regulares, operando nos mesmos trajetos e roubando passageiros nos pontos de parada. Os perueiros não negam. "A gente precisa ganhar a vida", diz Santos.
(JNS)

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