São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Acidentes nas federais aumentam 21%

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das principais causas de morte violenta no país, os acidentes de trânsito aumentaram no ano passado. Só nas rodovias federais foram 115.313 ocorrências em 1996, 21% a mais do que no ano anterior.
Segundo balanço fechado na sexta-feira pela Polícia Rodoviária Federal, o número de mortos nas estradas também cresceu. Foram 7.889 óbitos em 1996, contra 7.090 em 1995. Um aumento de 11%.
Esse número deve ser ainda maior: as estatísticas policiais só computam as mortes ocorridas no local do acidente. E houve 20.892 feridos graves no ano passado.
No Ministério dos Transportes, há uma preocupação de que o crescimento dos acidentes nas estradas seja ainda maior no futuro, por causa do "efeito Dutra".
Com a privatização, essa rodovia federal foi restaurada e os motoristas passaram a trafegar em velocidade maior. Resultado: mais acidentes e mortes. Várias outras estradas federais devem ser privatizadas em breve.
Esse é um dos motivos que levou o ministério a elaborar um estudo que deverá ser entregue em breve pelo ministro Alcides Saldanha a seu colega da Justiça, Nelson Jobim, superior hierárquico da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo o secretário-executivo dos Transportes, José Luiz Portella, as medidas propostas baseiam-se no princípio de que é melhor avisar o cidadão que ele será fiscalizado em vez de puni-lo sem que ele saiba.
"Multar escondido não resolve o problema. Aumenta a arrecadação e a corrupção, mas não diminui o risco de acidentes", diz.
Uma das idéias, conta, é dispor, não muito distantes uns dos outros, carros velhos pintados com as cores da Polícia Rodoviária Federal ao longo das estradas.
"Em alguns deles haverá radares, em outros não. Fazendo um rodízio, o motorista nunca vai saber onde o radar está e, com medo de ser multado, vai reduzir a velocidade", espera o secretário.
A idéia é inspirada em método semelhante implementado em Brasília e que reduziu em mais de 40% os acidentes no "Eixão".
A medida é pensada com base nas estatísticas. A maioria dos acidentes nas estradas ocorre durante o dia, com tempo bom e na reta. A causa presumível, em 59% dos casos, é a imperícia, a falta de atenção ou imprudência do motorista.
Por essa razão, outra proposta -segundo Portella- é a fiscalização dinâmica: a cada 20 minutos, um policial sairia numa motocicleta para coibir casos de direção perigosa, como os motoristas que "costuram" na estrada.
Em 1996, houve 2 milhões de infrações nas estradas, 305.131 por excesso de velocidade e 124.330 por ultrapassagem indevida.

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